Encontrar, Escutar e Discernir
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
Com estas três palavras sugestivas, que são verbos de ação, o Papa Francisco abriu, com missa, no dia 10/10, em Roma, a preparação da XVI Assembléia Ordinária do Sínodo dos Bispos que acontecerá em 2023. O tema desta vez será refletir sobre o “Caminho da Sinodalidade, Comunhão, Participação e Missão”.
Trata-se de resgatar a renovação profunda do Concílio Vaticano II, atualizando e gerando suas práticas, experiências e percepções, caminhando juntos e articulando espaços novos de escuta, diálogo e consulta a todos os níveis eclesiais (local, regional, nacional e universal). Claro que, desta vez, o processo ampliará os interlocutores, aliados e companheiros de viagem escutando e envolvendo a sociedade civil e suas expressões, passará a limpo e revisará a participação e integração do laicato e todas as formas associativas e estados de vida do Povo de Deus.
Reconhecer os contextos e cenários atuais que geram a cultura e as estruturas de convivência numa interface coloquial. Celebrar a vida da Igreja, nas suas buscas, procedimentos e jeito novo de ser, e edificar a Comunidade Eclesial. Firmar a corresponsabilidade e sinodalidade missionárias ampliando horizontes e frentes de atuação e de presença criativa, especialmente nas cidades.
Avaliar nossa atitude de abertura, diálogo e tolerância para com as pessoas que pertencem a minorias, pensam diferente, tem olhares e visões dissidentes ou diversas, considerando o pluralismo intercultural e inter-religioso cada vez mais complexo. Contemplar nossas experiências e gargalos na vivência prática da autoridade e da participação, identificando bloqueios e possíveis estratégias de superação dos mesmos.
Aprender a conjugar fluidamente a consulta, planejamento e decisão, a prestação de contas e a transparência. Será também uma escola de formação, situada e viva, porque o caminho se faz ao andar como afirmava o poeta Antônio Machado.
Sabemos que faz parte da Igreja sua condição peregrina, mendiga, provisória e sempre servidora, auscultando os sinais dos tempos e os ventos do Espírito, confiando e esperançando, abrindo canais, pontes e novas trilhas e passagens. Enfim, como dizia São João XXIII, deixando entrar uma lufada de ar fresco, para ventilar nossos espaços e tirar a poeira do tempo. Deus seja louvado!