A tentação atraente e subjugante da idolatria
A tentação atraente e subjugante da idolatria
O tempo da Quaresma, longe de ser um período de passividade, ou de mero refúgio puramente interior, é arena de luta e de retomada do projeto do Pai, de resgate e vivência plena do batismo, e de reconciliação. Neste domingo, aprendemos, com Jesus, a vencer a constante idolatria de adorar o dinheiro, o poder dominação e o prestígio de manipular as multidões.
É curioso que o inimigo trata de seduzir a Cristo para afastá-lo da sua missão em cenários mundanos: a economia (transformar pedras em pão), a política imperial (a submissão de todas as nações) e a glória da auto-imagem (a manipulação das massas). Jesus, com a Sabedoria da Palavra, desarmou o Tentador, mostrando o ilusório destas idolatrias que nos consomem e devoram.
O importante é, nesta Quaresma, buscar uma conversão plena que tenha um impacto também familiar, eclesial, social e ambiental.
O tema proposto neste ano para a Campanha da Fraternidade: Políticas Públicas, nos permite o resgate da ética na administração e no espaço público, a construção do poder-serviço para edificar uma Democracia viva e atuante com a participação cidadã, e a inclusão de milhares de pobres que clamam por seus direitos.
Não podemos esquecer que um dos pilares do tripé espiritual da Quaresma são as obras de misericórdia, isto é, o que chamamos em hebraico “sedaqã” (fazer justiça aos pobres). As políticas públicas devem ser inspiradas para garantir a dignidade e a promoção integral de toda a pessoa e de todas as pessoas.
O Deus, anunciado por Jesus Cristo, quer trazer vida em plenitude, instaurar entre nós o reinado da partilha, da Fraternidade e da justiça.
A Quaresma nos permite desvencilharmo-nos dos ídolos do egoísmo, do autoritarismo e do prazer, para descobrir, com Cristo, o prazer de amar, o poder do serviço, e a riqueza da doação e da partilha. Que sejamos libertados pela justiça e o Direito. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Diocesano de Campos