Trata bem dele, ( Lc 10,35 )
O XXXI Dia Mundial do Doente inspira-se na frase da Parábola do Bom Samaritano, com a qual este confia o homem ferido ao responsável da estalagem, tomando todas as providências para o seu cuidado. Escolhendo esta frase como lema, o Papa Francisco ensina que a doença não pode ser vivida no isolamento e no abandono, mas exige a compaixão por ser exercício sinodal de cura, isto é, caminhar juntos e acompanhar o doente, expressando o estilo de Deus, que sempre visa proximidade, ternura e misericórdia. Esta atitude é reforçada pelo profeta Ezequiel que afirma, claramente, que Deus, como Pastor, procura a ovelha perdida, reconduzindo a trasmalhada, cuidando das feridas e apascentando todas com justiça. Mais adiante, o Papa, na reflexão, retoma o sentido desta parábola na encíclica Fratelli Tutti, explicando que ela é o ponto de viragem, de reversão de um mundo fechado em sombras para um mundo aberto e mais fraterno. O homem caído, que fora assaltado e espancado na estrada, mostra e revela os inúmeros rostos de quem são deixados ou descartados, tanto por causas “naturais”, como aquelas que são provocadas pela exclusão e as injustiças estruturais.
O Papa sublinha, e destaca, a condição de abandono e solidão que cerca e espezinha a milhares de doentes que buscam uma resposta humana e solidária, que supere a indiferença ou a religiosidade formalista do sacerdote e do levita, que não pararam, nem enxergaram, o ferido na estrada. Esta realidade de sofrimento nos interpela a cada um e as Igrejas e Religiões, a respeito de nosso olhar e agir, face aos irmãos doentes que passam por situações de esquecimento, vulnerabilidade e abandono. Somos chamados a ser um hospital de campanha, uma casa de acolhida e ternura, a estalagem da misericórdia, refazendo os passos do bom samaritano: deter-se, aproximar-se, cuidar e levantar. O Dia Mundial do doente promove, claro, um momento de oração, solidariedade compassiva, de proximidade amorosada parte de todos os agentes, profissionais da saúde, dirigentes das instituições hospitalares mas, também, empenha a todo o Povo de Deus, à sociedade civil, e aos governantes, para deixar-se interpelar pela profecia de Ezequiel, que denuncia a cobiça, a negligência e a irresponsabilidade, gravemente culposa dos pastores mercenários que descuravam o seu povo deixando-o abatido, na doença e na violência.
Nesta horaque, graças a um grande e generoso mutirão da saúde, integrado por médicos, enfermeiros, maqueiros, voluntários, capelães, pesquisadores e dirigentes, estamos gradualmente saindo da pandemia; entramos na etapa da reabilitação, do cuidado e superação das sequelas do COVID, marcas orgânicas, mentais e espirituais que devem cicatrizar e serem atendidas com solicitude e prontidão. Que Nossa Senhora de Lourdes, Protetora e Saúde dos enfermos, nos ensine a bem tratar, cuidar e curar os doentes, socorrendo e amparando-os em todas as doenças e sofrimentos. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 05 de Fevereiro de 2023