O Pão da vida repartida, da esperança e da ternura compassiva
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, como todas as três grandes festas do tempo comum interiorizam e nos fazem compreender mais profundamente o mistério de Jesus Cristo na nossa vida, na vida da igreja tornando-se vida para o mundo inteiro. Como discípulos que querem aprender a amar e a servir a seu Mestre e Salvador, a configurar-se plenamente com a pessoa de Jesus, a experiência de vivenciá-lo na eucaristia, a celebração do seu Corpo dado e seu Sangue derramado, nos realiza e nos impulsiona na missão.
Pão da vida entregue, repartido e consumido para salvar e dar a vida aos outros. Pão que gera esperança, restaurando o sonho de Deus, da fraternidade de mãos dadas com a justiça do Reino, incluindo a todos/as na mesa da igualdade, da liberdade dos filhos de Deus. Sinal inequívoco de misericórdia e ternura do Pai, sacramento da unidade, fornalha e vínculo de caridade que se derramou copiosamente do Altar. Mas nesta solenidade somos convidados também a testemunhar como povo que caminha peregrino e missionário da esperança a força e alegria de sermos transformados Nele e por Ele, na eucaristia. A fé em Jesus Eucarístico nos inspira a confeccionar tapetes que não só enche de colorido, beleza e encanto as nossas ruas, mas nos ensinam a transparecer os mesmos sentimentos e atitudes de louvor e conversão dos adolescentes e jovens hebreus ao aclamar o Pastor Servo que entrava em Jerusalém. Ao ocuparmos as praças e avenidas das nossas cidades, expressamos que não é possível a amizade social, a solidariedade e a justiça verdadeiramente restaurativa sem a presença real, substancial e verdadeira de Cristo nosso irmão e Libertador, que cura nossos corações e nossos relacionamentos mais profundos.
A própria matéria da eucaristia, pão e vinho, frutos da terra e do trabalho humano estão a consagrar toda Criação num processo ascensional que o Pe. Teilhard de Chardin se apresentou na missa cósmica. Hoje, que assistimos a uma crise climática que faz acontecer desastres e catástrofes de porte cada vez mais ameaçador, precisamos reconciliar-nos com a Terra deixando-nos curar pela eucaristia que nos une ao Deus Criador amoroso que cuida de todas as criaturas na sua Santíssima Providência. O seguimento e adoração a Cristo eucarístico nos torna artesãos de paz, irmãos universais e profetas de uma transição planetária, que faça acontecer a tão desejada civilização do amor, da justiça e da sobriedade feliz! Graças e louvores sejam dados em todo momento ao Santíssimo Sacramento!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 02 de Junho de 2024.