A Amazônia no coração do mundo e da Igreja
Iniciamos o Sínodo extraordinário da REPAM sobre a Amazônia, buscando novos caminhos de evangelização e de uma ecologia integral. Os dois conceitos, evangelização e ecologia integral, não podem ser separados, pois a evangelização propõe a missão de cuidar a Criação e um novo relacionamento com ela pela conversão cristã, e, igualmente, uma ecologia de veras integral inclui o olhar amoroso de Deus sobre todas as criaturas para plenificá-las e sustentá-las com a sua compaixão misericordiosa.
Trata-se de um Sínodo, isto é, uma Assembléia de Bispos, representantes dos 9 países da REPAM, convidados leigos e leigas, religiosos, que, juntos com o Papa, em espírito sinodal, tratarão de primeiro escutar o grito das florestas e dos rios, das criaturas e, muito especialmente, dos povos indígenas e amazônicos, das cidades e das aldeias nativas.
Não é um encontro de antropólogos e ambientalistas, embora possam assessorar o Sínodo, mas do Povo de Deus, convocado para compartilhar as alegrias e esperanças desta região que é um verdadeiro santuário e manancial da vida. De nenhuma maneira quer se enveredar para assuntos geopolíticos, que possam significar um risco para a soberania do país (que por outra parte interesses atrelando-se ao capital financeiro desejam leiloar), o foco é pastoral e socioambiental na perspectiva do Reino de vida abundante que Jesus veio trazer. A deturpação sobre o sentido e finalidade real do Sínodo, tratando-o como questão de segurança nacional ou de impedir qualquer tipo de desenvolvimento da região, constitui um grave equívoco.
Quer pensar-se, sim, a partir da Encíclica Laudato Si, junto com uma Evangelização Inculturada, num desenvolvimento integral e sustentável que promova a bioindústria, proteja a valiosíssima biodiversidade, e preserve a função deste bioma fundamental para a manutenção equilibrada do clima da terra como bem público, bem como sua contribuição para a integridade do planeta.
Certamente, receberemos deste Sínodo diretrizes sábias e pertinentes, para descobrir caminhos de Igreja que mostrem o rosto colorido, alegre e vibrante das comunidades eclesiais amazônicas a serviço da vida e da florestania, conjugando florestas, cidades, águas, e povos na riquíssima trama deste bioma. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)