A oração do coração livre e filial
Respondendo aos discípulos, que pediram a Jesus que lhes ensinasse a rezar, como faziam os mestres, o Senhor lhes apresenta o Pai nosso na versão recolhida por São Lucas, mais antiga e simples não contendo os dois últimos pedidos sobre a tentação e a libertação do mal. No entanto, Jesus teve como intenção, não dar tanto uma fórmula padrão, mas uma atitude, uma postura de oração diante do Pai, pois a grande Boa Nova que veio trazer foi um relacionamento, confiante e carinhoso, com o ABBA (Paizinho). Isto é essencial para compreendermos a oração cristã, não estamos prostrados, como seres insignificantes, pedindo coisas como se estivéssemos na ante-sala de um rei ou prefeito, mas de um Pai que nos escuta com amor misericordioso e, sempre, nos dá mais do que pedimos. Por isso, a oração do Pai nosso é profundamente transformante e torna-se um programa de vida, levando-nos à conversão e à missão.
Ela consegue estabelecer um diálogo que, partindo do Pai nosso (não apenas meu), nos faz enxergar que somos membros de uma família de filhos e irmãos, compartilhando generosamente o pão e o perdão de cada dia. O Pai nosso é uma oração filial e comunitária, que nos faz sonhar e agir acolhendo o Reino, buscando sua justiça maior e, com perseverança, curar e restaurar todos os relacionamentos e estruturas na perspectiva do Plano de Deus, para que seu senhorio alcance a todas as nações, pessoas e criaturas.
Conscientes da dádiva desta oração, chamada de dominical, por ser ensinada pelo próprio mestre divino, celebremos seu poder inspirador e sua profunda espiritualidade, capaz de tornar-nos, como filhos de Deus, em instrumentos de paz, perdão e reconciliação, afastando os males do ódio, da divisão e da discórdia. Cada vez que rezamos, com fé viva, o Pai nosso, a Providência divina se aproxima e o Reino se torna mais presente. Louvado seja Deus!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 28 de Julho de 2019.