A pobreza, riqueza dos pobres

A sexta jornada mundial dos pobres tem como texto bíblico inspirador: “Jesus Cristo  fez-se pobre por vós” (2 Cor 8,9). O tema convida a refletir, como faz o Papa Francisco, em duas óticas sobre a pobreza. A primeira, que mostra o aspecto desagregador e  desumano da pobreza que exclui e mata. E pensando nesta realidade, que o tema  escolhido para animar esta VI jornada no Brasil foi: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”,  em perfeita sintonia com o tema da CF 2023, que focaliza a fraternidade e a fome, uma  vez que a Rede de Pesquisa em soberania e Segurança alimentar e Nutricional (Rede  Penssan) revelou que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer.

A pobreza  que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração da violência e da iníqua  distribuição dos recursos, afirma o Papa Francisco na sua mensagem. Mas, este ensinamento pontifício revela, mais adiante, que a pobreza, como atitude  comportamental evangélica, é, também, caminho de conversão de vida e leva a assumir  um estilo de ser e conviver centrado na austeridade e sobriedade. O pensador africano  Albert Tévoédjrè, no livro A pobreza, riqueza dos povos, salienta o poder da pobreza  como força de transformação da realidade pela solidariedade. O Papa São Paulo VI já afirmava, na Populorum Progressio, que a solidariedade é o novo nome da paz. Só haverá um desenvolvimento integral, solidário, sustentável e inclusivo, com uma  economia de partilha e da comunhão, obra dos pequenos e humildes. Sendo justamente isto que chamamos hoje de economia de Francisco e de Clara, ao propor uma escala mais humana, circular e colaborativa na produção, distribuição e consumo dos bens.

Os pobres, por sua experiência cotidiana de sobrevivência e resistência, voltam-se  naturalmente à economia popular solidária, buscando trocas e relacionamentos  isonômicos e equitativos. Os pobres são convidados a ser mensageiros e profetas da civilização da ternura, da partilha e do dom de si mesmos. Que o Deus, que protege e defende a vida dos pobres, nos ensine,sempre, a ter e testemunhar um coração fraterno  e solidário para com todas as pessoas e criaturas da Terra. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 13 de Novembro de 2022.

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