A santidade ao alcance de todos

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

O exemplo de um jovem pode ser importante neste momento de Pandemia e de isolamento social.  Guido Schäffer, Jovem, surfista, médico e servo do Senhor. A história de fé de um jovem brasileiro que se tornou exemplo para a juventude mundial. E a vida desse jovem inspira a juventude a buscar seus exemplos de santidade e dedicação aos pobres nesse tempo que se vive desafios e incertezas deste tempo de ameaças do Covid 19. Quem descortina os horizontes de Guido é a mãe Maria Nazareth Schäffer

– Guido nasceu em 22 de maio de 1974 foi um bebê muito saudável e muito bonito e cresceu com muita saúde e era uma criança como as outras e um jovem como os outros estudando, praticando esportes e na juventude tendo suas namoradas e sendo de uma família católica e praticante sempre encontrou em mim e no pai o apoio para sua vida pessoal de oração. Guido é o segundo de três filhos que temos e todos participantes da Santa Igreja. Guido trabalhou muito como medico e deixa o exemplo de santidade. – relata a mãe.

Guido nasceu em Volta Redonda – Rio de Janeiro, em 22 de maio de 1974 e faleceu em 2009, pouco antes da sua ordenação presbiterial, em sua cidade natal, num acidente no mar, ocorrido quando surfava com seus amigos. Guido gostava de dizer que Jesus tinha sido o primeiro surfista, porque caminhou sobre as águas. Junto com outros jovens do Rio, ele cresceu em contato com o mar, a mata e a montanha; praticou surfe, ciclismo e futebol. Eram coisas das quais ele gostava e às quais se acostumou desde cedo. O surfe, em particular, foi tornando-se um lugar de oração. Para Guido, a prática esportiva ia tornando-se um campo para viver a fé. Filho de pais católicos fervorosos que além da prática dominical, tinham uma forte vida de oração e cultivavam um bom exemplo de cristãos na vida profissional. Recebeu a vida de fé de sua família, tendo a sua mãe, Nazareth, um papel muito importante. Ela foi organizadora de um grupo de jovens, onde Guido, ainda adolescente, convidava os amigos para participarem.

Ao entrar na medicina, o jovem a todo momento testemunhava a sua fé. Vivia conforme os valores cristãos da cordialidade, temperança, caridade e justiça, optando pela medicina geral, que era a especialidade que lhe permitia avaliar o paciente de uma forma mais completa e total. Em 2000, uma equipe organizada pela mãe de Guido viaja à Europa para a beatificação dos mártires do Rio Grande do Norte: André de Soveral, Francisco Ferro e companheiros. Foi durante essa viagem que o surfista anunciou à sua família a intenção que vinha amadurecendo: sentia-se chamado ao sacerdócio e queria deixar tudo para ir para o seminário. E assim o fez.

Padre Ricardo Figueiredo publicou em Portugal em 2017 o livro Um “santo” surfista – O servo de Deus Guido Shäffer quando a Igreja começava a trilhar o caminho para a XV Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos, realizada em 2018, sob o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. O autor, padre Ricardo Figueiredo, afirma que este livro é um contributo para a caminhada pós-sinodal para qual a Igreja está convocada.

 

Um chamado especial relata Guido.

– Penso que toda vocação é particular e Deus que chama a cada um de nós e o modo como ele chama é único. Na minha vida tenho de voltar a pelo menos 10 anos atrás porque sou médico e foi trabalhando na Santa Casa com os doentes e descobri as irmãs de Madre Teresa de Calcutá e iniciou um trabalho com os moradores de rua como medico e comecei a atender os pobres e os irmãos de rua e 1998 o Pe. Jorjao me convidou para fundar um grupo de jovens da Renovação Carismática na Paróquia Nossa Senhora da Paz, Ipanema, Rio de Janeiro e com a experiência dos mendigos e moradores de rua como médico e fazendo um trabalho de evangelização com os jovens e muitos se interessavam em ajudar o trabalho com os pobres e foi despertando algo que não sabia exato e me impulsionava a oferecer esse trabalho de amor aos pobres e ao mesmo tempo evangelizar e anunciar Jesus Cristo e uma amiga médica cirurgiã ficou tão emocionada e se propôs a ajudar com os irmãos de rua. – conta Guido.

A médica o aconselhou a ler o livro O irmão de Assis de Frei Inácio  Larranaga e esse livro o levou a descoberta de um santo que viver a pobreza e entre os pobres de Assis e exemplo de vida dedicada aos pobres e ficou impressionado com o despojamento e o amor de Francisco para os pobres e todos e a liberdade de pregar o Evangelho.

– Um dia em oração pedi a Jesus que queria ser livre para pregar o Evangelho e naquele tempo eu namorava e pensava em casar e já tinha um tempo de namoro e de repente aquilo mexia comigo e algo me puxava a uma coisa que nem sabia exato o que era e fui lendo o livro sobre São Francisco me questionava e até que um dia ouvi a voz de Deus e lendo questionei o que queres de mim? E foi em oração e em determinado momento e ouvi a voz de Deus para me levantar e serei sacerdote na Igreja e foi tão marcante e me lembro como se fosse hoje. Era dia 13 de novembro de 2000 e aquela voz penetrou tão profundamente e não sabia o que dizer e como vai se dar isso porque eu medico e empregado na Santa Casa e trabalhando numa clinica e um convite para ser medico no Hospital São Vicente de Paulo e com chances de trabalhar fazendo pré e pós operatório com Pitangui e de ser professor na Universidade Gama Filho e tantas oportunidades na Medicina e de repente e a voz de Deus me chamando a ser sacerdote e diante daquele que me chama tudo se tornou pequeno e foi essa força que me fez começar a caminhar. – disse Guido.

A partir de ouvir o chamado de Deus era o desafio de despojar de todas as conquistas e se lançar num novo projeto de vida. Antes era a missão de salvar vidas como médico ele assumia outra dimensão de salvar almas para Deus e inicia uma jornada de busca a ouvir o chamado e dizer sim a vocação.

– Enquanto médico entra com tudo para tentar salvar essa vida corporal e sacerdotes e seminaristas temos de lutar para salvar estas almas, porque uma vida rica no espírito, cheia do espírito traz benefícios até corporais e fico imaginando que um bom padre é mais medico que os próprios médicos e penso nos jovens que saem das drogas e se libertam do vicio do alcoolismo, isso é uma medicina preventiva e quantos acidentes não aconteceriam e quantas doenças se os jovens seguissem a Lei de Deus e como é importante o trabalho sacerdotal e um trabalho médico e de saúde. – reflete.

Chegava a hora da decisão: despojar de uma vida consolidada para se lançar a um caminho desconhecido. Vem o desanimo, mas a hora era de decidir pelo sim ao chamado de Deus e unir a experiência medica a uma dimensão do cuidado com o anuncio do Evangelho.  E a construção da visão do sacerdócio com as provações e renuncias.

– A gente passa por momento de certo tremor, mas Deus levanta. Nada de andar olhando para baixo e pensando no pessimismo. A dificuldade existe porque toda a mudança passa por um processo por estar habituado e mudanças são desafiadoras. Começo meu apostolado e ser chamado a pregar em varias paróquias e as pessoas iam para Santa Casa ver nosso trabalho e doavam remédios e começava a doação de cadeiras de roda. Mas a gente sair de nossa casa de uma realidade para outra há um estranhamento inicial e uma adaptação.

E conclui: “Jovens se escuta o chamado deixe o que ficou para trás e olhe para frente. E prossiga decididamente e tem momentos que temos de tomar essa decisão radical e como chegou para mim e me vi diante de Deus e precisava dar uma resposta e ser firme e esquecendo o que ficou para trás e se lance para o que esta a frente e com certeza o que está a frente é muito maior.”

– É preciso não nos contentarmos com o que já temos e quem esta no mar e quem tem essa ligação com o mar tem essa ligação com o horizonte. Pe. Ricardo Figueiredo.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *