Bispo de Campos condena exploração da fé para uso eleitoreiro.

Bispo de Campos e Referencial da Pastoral Politica no Regional Leste 1, Dom Roberto Francisco Ferreria Paz condena uso da igreja para palanque político. Em mensagem aos fieis da Diocese de Campos destaca que não compete a lideres religiosos atitudes contrarias a liberdade dos fieis na escolha dos candidatos nas eleições presidenciais de 30 de outubro.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

Diante das polarizações e dos ataques contrários a igreja e em comunhão com episcopado brasileiro coloca em destaque contra a exploração da fé e da religião para angariar votos no segundo turno. Torna-se uma apropriação indevida de símbolos e espaços sagrados para veicular conteúdos de campanhas políticas eleitorais. Desvirtua-se a finalidade, precípua e sublime do culto, para exaltar pessoas e conquistar, de modo inadequado, e antiético, votos de fiéis que são, dessa forma, cooptados e distraídos da sua devoção autêntica de glorificar ao próprio Deus.

– Por outra parte, percebe-se, em certos ministros religiosos (pastores e padres), um comportamento próximo do abuso espiritual e da intimidação, ameaçando com a maldição do inferno ou até excomunhão aos eleitores que votarem no candidato contrário ao que eles defendem, como única alternativa. Esquece-se que a missão de um líder espiritual é formar consciências, não substituí-las (Amadeo Cencini), iluminar e chamar à reflexão, não determinar, coagir e direcionar o voto, cerceando-se gravemente a liberdade de expressão e o direito ao voto. – salienta Dom Roberto.

Para esses religiosos que assumem a função de cabos eleitorais e que violentam a sacralidade das consciências dos fiéis, as pessoas tornam-se massa de manobra, ou rebanho gregário, que deve ser totalmente conduzido, sem o mínimo respeito, a suas preferências ou opções. Estes representantes do fundamentalismo religioso ainda interferem, de modo insidioso e violento, no clima eleitoral, praticando o terrorismo espiritual que divide, acirra os ânimos e gera atitudes de ódio, medo e desgosto pela atividade política.

– O Cristo do Evangelho é o grande esquecido e desconhecido por estas práticas que tornam as eleições uma guerra suja, na qual, o único que importa é ganhar, passando por cima do respeito, do amor incondicional, da justiça, legalidade, verdade, e todos os valores do Reino que o Salvador veio testemunhar para guiar a humanidade a dignidade da filiação divina e da reconciliação. Resgatemos a política como a arte e a ciência do bem comum, da mais alta forma de exercer a caridade, e testemunhar, de modo inequívoco, o serviço e o amor incondicional a todas as pessoas. Deus seja louvado! – comenta o bispo

Nota da CNBB na íntegra

NOTA DA PRESIDÊNCIA

“Existe um tempo para cada coisa” (Ecl. 3,1)

Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos.

A manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.

Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo 
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Mário Antonio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB

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