Catedral do Santíssimo Salvador: histórias de seus primórdios
Rafaela Machado Ribeiro (Diretora do Arquivo Público Waldir Pinto de Carvalho)
Foto: Bruno Salles.
Nesse dia em que Campos tradicionalmente festeja o dia de seu padroeiro, São Salvador, trazemos um pouco da história da construção da Igreja de mesmo nome, intimamente ligada ao processo de ocupação da terra.
Esta matriz que hoje vemos erguida em plena Praça Quatro Jornadas, foi levantada no ano de 1745, sendo antes, a primeira, construída onde atualmente está a Igreja de São Francisco. A primeira igreja, uma rústica igrejinha formada por paredes de entulho e teto de palha, passou a ser matriz com a criação da Vila de São Salvador pelo segundo Visconde de Asseca, em 29 de maio de 1677, mas já aparece mencionada nos documentos da Câmara Municipal desde 1652, ano em que foram eleitos os vereados para a primeira Câmara local. No ano de 1674, passou a capela provisionada por párocos.
Ali naquele terreno, ao redor de uma da capela de palha, teria sido realizada no ano de 1652, pelo frei beneditino Fernando, a primeira missa que se tem registro em solo campista – embora para tal evento não tenhamos encontrado nada além do que afirmativas históricas – e não documentais. A construção dessa primeira capela de palha, originalmente, a primeira dedicada a São Salvador, é computada por boa parte da historiografia ao general Salvador Correia de Sá e Benevides, embora documentos deem conta que teria a população se encarregado do levantamento do templo.
A segunda matriz de São Salvador foi erguida em espaço contíguo à Capela dos Passos que já ocupava aquela área. Nesses primeiros anos, a Matriz possuía um cemitério ao seu lado, como era comum em igrejas desse tipo. Talvez por isso é que a historiografia local tenha tantas dúvidas quanto à real data de sua construção, posto que em parte dela o ano de 1695 aparece como o período em que teria sido ampliada esta segunda matriz. Naquele ano, o sargento-mor José Madureira, provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento, ao que tudo indica, ampliou e reformou o espaço da Igreja de Nosso Senhor dos Passos – que já ocupava aquele lugar desde período anterior.
A matriz passou por obras de reformas em 1824, 1861 e, tendo uma das torres sido atingida por descarga elétrica de um raio no ano de 1869, foi dez anos depois, em 1879, reconstituída. Em 1922, passou à condição de Catedral Diocesana e, em 1970, foi transformada em Basílica Menor do Santíssimo Salvador, após demolição de boa parte da estrutura original e grande reforma que deu à construção as características neoclássicas que possui atualmente. A obra deve muito aos esforços do monsenhor João de Barros Uchoa, que em 1935 inaugurou o novo templo. Destaque-se as quatro grande estátuas de bronze que ficam na fachada principal e que representam os quatro evangelistas – Mateus, Marcos, Lucas e João e os 32 vitrais ricamente ornados.