Celebração dos Fiéis defuntos, dia dedicado à reflexão sobre a vida
A Igreja em todo o mundo celebra neste sábado, dia 2 de novembro, a Celebração dos Fiéis Defuntos. Entretanto, a celebração não pode ser vivenciada como um momento de tristeza, mas de saudade e a esperança, pois é a oportunidade de uma reflexão sobre a vida. O bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco, afirmou em uma reflexão ao longo da semana, que “para quem vive em Cristo, a morte é a passagem para a pátria celeste. Aos que creem a vida não é tirada, mas transformada.
No território da Diocese de Campos, que possui 792 capelas, distribuídas em 66 paróquias, 10 foranias e dois vicariatos, várias celebrações estão sendo realizadas, especialmente próximo aos cemitérios, local de aumento do número de visitações. O município de Campos, o maior e a sede da Diocese, existem 24 cemitérios públicos e 43,6 mil sepulturas. O Cemitério do Caju, o maior do interior do estado do Rio, registra 35 mil urnas (distribuídas em 115 mil metros quadrados).
De acordo com Dom Roberto, o dia de Finados, tem algo a oferecer, como a esperança. “As pessoas morrem sozinhas, isoladas nas UTI’s, inconscientes e sedadas, sem consciência do que acontece com elas. A gente vai morrendo em momentos, ou em fatias. Não é isso que deveria ser a morte é processo, a vida não nos é tirada, mas transformada. É aquela parábola, ou metáfora da borboleta, a nossa vida é como uma larva, que se transforma na ressurreição. Nós temos que testemunhar isso, que é a mensagem da Páscoa, o centro do cristianismo. Se Cristo não ressuscitou, nós seríamos os piores coitadinhos da história. Seríamos vítimas de um embuste, mas não Jesus ressuscitou e abriu naquele faixo de luz da gloriosa manhã da Páscoa, um caminho. A morte, longe de ser um obstáculo, é um momento excepcional a ser vivido rodeado de amigos, rodeado de frutos que fomos produzindo nesta vida. Rodeado de todas aquelas amizades, em especial os pobres, que certamente serão nossos advogados nesta última viagem. Deus abençoe a todos e um bom dia de finados.”, afirma Dom Roberto Francisco.
No século XXI, o grande tabu continua sendo a morte. Como menciona o escritor francês Philippe Ariès, autor do grande obra, a “História da Morte em Ocidente”. Sobre o assunto, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no Parque Imperial, promoveu entre os dias 29 de outubro a 01 de novembro um Simpósio Filosófico-Teológico, com o tema “A cultura da negação da morte”. O evento coordenado pelo administrador paroquial Pe. Dênison Martins, que é doutor em filosofia, contou com a participação de vários especialistas como os padres Pe. José Raimundo Vidigal, doutor em Sagradas Escrituras; Pe. Silvio Coquito, mestre em Teologia Moral; e o Dr. Êrici Antônio dos Santos, psicólogo e psicanalista. “O tema da morte se tornou um grande tabu. Os avanços técnico-científicos trouxeram uma maior qualidade de vida e estendendo mais a média de vida, fazendo assim com que o homem pense de forma superficial que não irá morrer. Mas ao contrário do que muitos pensam. A morte é algo natural, um fato existencial, que não se opõe à vida mas faz parte dela. Por fim, o choro cristão não se deve confundir com o medo ou o desespero”, afirmou Pe. Dênison.
História – Os primeiros vestígios de uma comemoração coletiva de todos os fiéis defuntos são encontrados em Sevilha (Espanha), no séc. VII, e em Fulda (Alemanha), no séc. IX. O verdadeiro fundador da festa, porém, é Santo Odilon, abade de Cluny (França). A festa propagou-se rapidamente por todo estado francês e pelos países nórdicos. Foi escolhido o dia 2 de novembro para ficar perto da comemoração de todos os santos.
Muitos documentos dos primeiros séculos da Igreja nos garantem esta prática. Por exemplo, a Didaqué (ou Doutrina dos 12 Apóstolos), do ano 100, já mandava oferecer orações pelos mortos. Nas Catacumbas de Roma os cristãos rezavam sobre o túmulo dos mártires suplicando a sua intercessão diante de Deus. Tertuliano (†220), Bispo de Cartago, afirmava que a esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte (De monogamia, 10).
Edição: Ruan Sousa (Comunicação Diocese de Campos)