Desarmar a comunicação com mansidão e esperança

A mensagem do 59º Dia mundial das comunicações sociais, apresentada pelo falecido Papa Francisco, se inspira no texto da Primeira Carta de Pedro (1 Pd 3, 15-16): “Partilhai com mansidão a esperança que está em vossos corações”. Muito atual e premente focalizada em desarmar e purificar a comunicação e seus processos, afastando o medo, a intimidação e o extremismo, que contaminam a convivência levando a polarização e a intolerância. O Papa expressava: “Sonho com uma comunicação que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança”. 

Ao mesmo tempo a comunicação superando a tentação do individualismo auto referenciado que torna as infovias em solilóquios ou performances de afirmação narcisista, se colocará sempre ao serviço da paz e mansidão do Reino buscando construir e ser um projeto comunitário que congrega, interage incentivando o diálogo e a partilha. A verdadeira comunicação sempre abre caminhos, constroi pontes, aproxima pessoas e grupos derramando ternura e compreensão para todos/as. Neste ano jubilar levemos como ar fresco a brisa da proximidade e solidariedade as prisões, hospitais, periferias, zonas de conflito fazendo ecoar e relembrar que somos construtores da paz e por isso nos tornamos filhos de Deus (Mt 5,9). É crucial recuperar o foco e resgatar o interesse público e o bem comum contra a “dispersão programada da atenção” que nos fragmenta e dissolve na busca de particularismos e hegemonias de grupos financeiros. 

Nossa forma de falar e expressar-nos terá sempre como atitude e intenção junto a darmos razões da nossa esperança fazer ressoar com autenticidade a beleza do amor, da ternura de resgatar as pequenas coisas e a singularidade de cada pessoa. A nossa comunicação nestes tempos de ira e polarização terá como marca sempre como afirma São Pedro a mansidão e o respeito, o tempero do sal da proximidade e acolhida incondicional. 

Finalmente o Papa nos pede de não esquecer o coração, para além da técnica ou dos protocolos cuidar sempre do coração, de uma comunicação cordial, sensível e compassiva, que gera confiança e esperança, construindo pontes, abrindo espaços de encontro, canais de entendimento, que possa atravessar os muros e as fronteiras fechadas no nosso tempo. Contar e tecer narrativas e gestos que possam esperançar e inspirar a vida das pessoas e comunidades, escrevendo na graça do amor e da esperança que não decepciona uma nova história. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 1º de Junho de 2025.

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