Do dia da mentira à cultura da não verdade

Do dia da mentira à cultura da não verdade

                   As origens do 1º de abril, como dia da mentira, do trote e do embuste, se remontam à França do século XVI, quando o rei Carlos IX implantou o calendário gregoriano substituindo o início do ano para o dia 1º de janeiro. Como muitos não se deram conta dessa mudança, continuavam a acreditar na data antiga do 1º de abril, sendo convidados, nesse dia, para festas inexistentes ou ganhando presentes bizarros.

 

Jesus se apresentou como o Caminho, a Verdade, e a Vida para a humanidade, e deixou claro que quem busca a verdade a encontra. Deus seja louvado!

                    As vítimas desses trotes eram chamadas, na Inglaterra, de “noodles“ (patetas); na França, de “poison d’ avril”, (peixes de abril); na Escócia, de “april gowk”, (tolos de abril) e, finalmente, nos EEUU, de “april fool” (bobo de abril). Brincadeiras que se universalizaram, mas que eram registros da existência da verdade como adequação do sujeito a uma realidade ontológica.

      Hoje, embora se continuem fazendo chistes e trotes neste dia, a ascensão da chamada ditadura do relativismo, que postula que não existem mais verdades, apenas narrativas construídas, se questiona, com a ausência de verdades, o próprio sentido da mentira.

                   O que é uma mentira, uma verdade que se esqueceu de acontecer? Uma verdade diferente, expressão ou versão alternativa? Vemos, claramente, que o ceticismo é insustentável para a convivência humana, pois o ser humano foi criado para buscar e conhecer a verdade, mais, como salienta Santo Agostinho, desfruta do gozo e do prazer de encontrar a verdade.

                       Quando uma civilização perde a confiança de encontrar a verdade, ou de pautar a vida por valores permanentes, entramos na decadência inexorável da mesma, que se destrói ao carecer de bases de sustentação morais, estéticas e principiológicas. Na brincadeira do 1º de abril, ninguém se esquecia da sensatez e da alegria de conhecer a verdade.

                       Alguns argumentam que, assim, há mais tolerância, mas a realidade mostra que, onde não há mais um conceito do que é justo e verdadeiro, a lei se torna o desejo do mais forte e os pequenos novamente oprimidos. 

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

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