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A esperança, fonte de resiliência e compaixão

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo de Campos (RJ)

O que mantém vivo nosso sistema imunológico espiritual, é sem dúvida a esperança que, como uma corda e uma âncora, nos dá força e sustentação na caminhada da vida. Quando o piloto e escritor Saint Exúpery se acidentou nos Andes e teve que ir do lugar onde tinha caído até onde encontraria socorro, o que o manteve caminhando sem nunca deter-se, apesar do cansaço e a vontade de entregar os pontos, eram os rostos dos amigos e o desejo de revê-los.

Victor Frankl, já em cenário mais angustiante e por certo cruel, num campo de concentração, conseguiu sobreviver apesar de ser muito mais fraco e franzino que muitos, pela determinada vontade de viver e salvar-se que constitui-se o grandioso sentido da sua luta. Nestes tempos de pandemia, somos testados e provados a dar razão pelo amor e sentido de nossa vida, a aqueles que nos rodeiam e aguardam de nossa atitude ou comportamento uma resposta ou testemunho que os ajude a confiar ou a sair do poço.

O que nos agiganta diante dos empecilhos e das dificuldades, é o tamanho dos nossos ideais e sonhos que nos impulsionam sempre para o alto e para frente. Como afirmava Pio XII, a esperança é mais forte e robusta, apesar de ser humilde, do que o simples otimismo que também ajuda, no entanto nas crises da vida ou da história, a esperança é o diferencial e a garantia da vitória.

Encontramos a raiz e causa de nossa esperança na certeza que somos amados por Deus, que fomos configurados como um poema de beleza única e singular escrita por Ele, que nosso nome está gravado na sua Mão providente e paternal, que sua misericórdia é infinita e inesgotável. A ressurreição do Senhor nos ilumina e, como cantávamos no sábado de Aleluia, para nós a noite se tornou tão clara como o dia.

Não somos mais escravos do destino ou da fatalidade, Deus não joga dados ou faz aposta conosco, suas promessas e fidelidade compassiva e amorosa nos permitem permanecer confiantes e na serena alegria de uma criança no colo de seu Pai. Caminhemos, pois, com a lucidez esperançosa que nos permite partilhar a nossa vida, como dom e oferta para Deus e a todos os irmãos e criaturas da Terra. Deus seja louvado!

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