“Fomos criados por Deus para comunhão e fraternidade”, declara Dom Roberto sobre a Campanha da Fraternidade 2024
“Uma sociedade em que se pratique a cultura do encontro, da partilha, do dom, considerar sempre os outros grupos, as outras tendências, as outras ideias, como uma dádiva para nós também. E claro, vivê-las com o Evangelho, mas justamente o Evangelho deve ser inculturado, deve ser partilhado e oferecido em plena liberdade”, diz Dom Roberto.
Ruan Sousa (Comunicação Diocese de Campos)
A Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB) inicia oficialmente nesta quarta-feira de cinzas (14/02), a Campanha da Fraternidade 2024. Neste ano tem como tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). De acordo com o Bispo Diocesano de Campos Dom Roberto Francisco, em 2024 a Campanha da Fraternidade comemora 60 anos no Brasil. “Embora tenha sido antecipada, no ano 1962, na cidade de Natal por Dom Eugênio Salles, a primeira campanha de 1962, mas a nível nacional começa no ano 1964. Esse ano traz um tema realmente não só desafiador, mas encantador. Fraternidade é amizade social. Trata-se de superar esse clima de ódio, de conflito, de divisão que a sociedade brasileira e o mundo inteiro está vivendo”, afirmou Dom Roberto.
Segundo Dom Roberto os cristãos têm não só a alegria de testemunhar que o outro, longe de ser um perigo, um risco é nossa própria riqueza. “A riqueza ou o grande tesouro que podemos construir aqui na Terra é a amizade. Mas a amizade não é só o sustento da nossa vida pessoal, é o sustento da sociedade. Por isso, fraternidade e amizade social. Já Aristóteles dizia que uma cidade. Se baseia fundamentalmente na amizade política. Pólis, uma cidade, precisa da unidade. Haverá, claro, a liberdade de expressão, liberdade de debater, liberdade de apresentar ideias diferentes. Crescer justamente nessa diversidade, porque queremos superar a visão de uma sociedade fechada para construir uma sociedade aberta, plural”, declarou o Bispo.
Inspirada na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, a Campanha da Fraternidade de 2024, dentro do caminho penitencial da Igreja, propõe durante a Quaresma deste ano, um convite de conversão para a amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs, todos fraternos e tudo fraterno, numa fraternidade universal. “Fomos criados por Deus para comunhão e fraternidade. Saber que essa campanha da fraternidade, longe de nos afastar da quaresma, nos leva a uma verdadeira conversão. Conversão pessoal, de sermos pessoas, tornarmos pessoas de diálogo, empatia, escuta fundamentalmente, saber praticar o método da oração espiritual, escutar a voz do Espírito nos outros. Em nível de uma conversão comunitária, tornamos uma comunidade acolhedora, reconciliadora, uma comunidade que vai sempre, como o samaritano, curar as feridas, os desentendimentos, as incompreensões, uma oração de São Francisco, ama primeiro”, pontua Dom Roberto.
Na quaresma, portanto, não deve haver simplesmente uma conversão pessoal, mas também uma mudança nas estruturas sociais que condicionam o indivíduo. A Constituição Sacrosanctum Concilium, no número 110, aponta com propriedade assim afirmando: “A penitência quaresmal deve ser também externa e social, não só interna e individual. Estimule-se a prática da penitência, adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis”. “E a nível social, especialmente neste ano de eleições, vamos trabalhar muito a compreensão do outro, a compreensão da alteridade, da riqueza democrática de ter várias opções. E vamos claro, discernir entre essas opções, ficar com aquela que apresenta mais valores de cristãos, que transparece mais a doutrina social do Evangelho, perfeito, é essa nossa missão de cristãos. Mas vamos defender sempre uma sociedade que permita a liberdade religiosa, a liberdade de ser, a liberdade justamente das pessoas construírem essa sociedade mais fraterna, mais justa, mais próxima da nossa”, finalizou Dom Ferrerìa.