Juntos, traçando novas sendas de paz
A mensagem do Papa Francisco, para a celebração do 56ª Dia Mundial da Paz nos convida, a partir do texto da Primeira Carta aos Tessalonicenses 5, 1-2, a permanecermos firmes, com o coração bem conectado com a Terra, para sermos capazes de um olhar atento sobre a realidade e os efeitos da história, o que chamamos de sinais dos tempos. Para o Pontífice, trata-se de recomeçar superando a crise humanitária e civilizatória do COVID 19, que transtornou toda nossa vida cotidiana, abalando todas as estruturas de convivência e de organização social, gerando desorientação e sofrimento. Embora o mundo da saúde e as organizações sanitárias internacionais e regionais, tomassem medidas e intervenções notáveis, e de impacto, em termos de gerenciamento da crise e do emergencial do momento, as consequências desta pandemia, ou sindemias, agravaram e escancararam as disfunções de uma sociedade e um mundo já doente e a beira da falência e exaustão. É hora, passados três anos, de perguntar-nos, sinceramente, a questão, se aprendemos alguma coisa com esta crise, se saímos melhores, se crescemos em compreensão e humanidade e colocar, tanto como indivíduos, comunidades e sociedade, o sentido de tudo isto e os aprendizados realizados. Talvez a lição mais nítida seja, por um lado,
constatar a carência e a fragilidade da humanidade que escancarou o ilusório da autossuficiência e do individualismo e está a demandar uma lucidez e maior consciência sobre a interdependência e a necessidade que temos uns dos outros. Aprendemos, também, a confiar, com maior prudência, na tecnologia e no progresso apenas material, que levou ao consumismo e à idolatria do dinheiro e do ter, causando miséria e desigualdades abismais. Nessa busca de saídas, inspirados pelo heroísmo de tantas pessoas de um mutirão sanitário e humanista, parecia que o futuro a ser trilhado passava pelo caminho da fraternidade e solidariedade universal, de
vivenciarmos, para valer a palavra nós e juntos, para construir um mundo em paz e convergente. No entanto, nos abateu uma nova desgraça, a guerra da Ucrânia, desta vez pilotada e causada por opções humanas culpáveis e absurdas. Não basta, para esta crise nefasta da guerra, uma vacina como no caso do COVID. O vírus da guerra é mais difícil de derrotar, pois diz respeito ao coração e à alma humanas, tomadas pela soberba e a cobiça do pecado. A resposta, para a cura do COVID e da Guerra, passa por um compromisso coletivo e conjunto de todas as nações e povos. Sim, somente juntos, afirma o Papa, poderemos testemunhar e fazer reinar novamente a compaixão e a responsabilidade universal pela vida das pessoas e do planeta. Assim, tornar-nos-emos artesãos e embaixadores da concórdia, do cuidado e da paz. Que Maria Imaculada, Mãe de Jesus e Rainha da Paz, interceda por nós e pelo mundo inteiro!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 01 de Janeiro de 2023