O JEJUM COMO PARTICIPAÇÃO NO MISTÉRIO PASCAL DE JESUS CRISTO
Até certo ponto, essas razões são verdadeiras; não bastam, porém, em si, explicar o jejum quaresmal. O jejum não é mera disciplina natural e ética para o cristão. É verdade que São Paulo evoca a clássica comparação do atleta em treinamento. O propósito do jejum cristão, no entanto não é simplesmente revigorar o organismo nem suprimir gordura inútil e pôr o corpo, tanto quanto a alma, em boa forma para a Páscoa. O sentido religioso do jejum quaresmal é mais profundo. Nosso jejum deve ser considerado no contexto de vida e morte. […] O cristão deve negar-se, seja jejuando, seja de outro modo qualquer, de maneira a tornar clara sua participação no mistério pascal: o mistério de nosso sepultamento com Cristo para ressuscitarmos com Ele a uma vida nova. Ora, isso não pode ser simplesmente questão de “atos interiores” e “boas intenções”. Não deve ser algo puramente “mental” e subjetivo. É por isso que o jejum é proposto ao cristão por uma longa tradição e pela própria Bíblia como uma forma concreta de expressar a abnegação, a imitação de Cristo, participando em seus mistérios.
Thomas Merton, Tempo e Liturgia Editora Vozes, 1968 | página 125 e 126