Paz lingüística e caridade
Paz lingüística e caridade
Nestes últimos anos assistimos, com preocupação, a um acirramento e agressividade verbal que passa pelo insulto direto, a injúria, a difamação e a sua forma mais acabada e letal: o discurso de ódio. As eleições nacionais, que estão no segundo turno, foram, até agora, um festival de Fake News, mentiras plantadas e de ataques a candidatos, partidos e agremiações políticas, num verdadeiro clima de guerra “santa“, tratando de banir e eliminar o outro.
Nega-se, assim, a alteridade e toda arte de pensamento divergente e opositor, banalizando e legitimando o terrorismo virulento das redes do ódio. O que nos deixa mais perplexos, é que os cristãos que devem primar pela mansidão e serenidade nas palavras e nas falas, esqueceram praticamente de conter o poder destrutivo da língua para introduzir a discórdia, a divisão nas próprias famílias e comunidades.
Torna-se urgente, como afirma o prof. Francisco Gomes de Matos, promover a paz lingüística que, como o evangelho afirma, brota de um coração cheio de amabilidade e cordialidade. A comunicação não violenta, razoável e dialógica, é uma das premissas do regime democrático, que exige cidadãos conscientes e lúcidos do sentido da política como ciência e arte do bem comum, mas que se constrói com amizade política (Aristóteles) e fraternidade evangélica.
Faz-se necessária uma reconciliação generosa, que nos devolva a alegria de viver, de conviver na diversidade e pluralidade que sempre foi a nota e sinal distintivo da nossa Pátria. Que Jesus Cristo, a Palavra Eterna e definitiva do Pai das misericórdias, interceda e ajude para que seus irmãos/ãs vivam reconciliados, em paz, e se perdoem mutuamente, para transparecerem sua graça e ternura. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 19 de outubro de 2018.