Pe. Rosário: Lições de um sacerdote que soube amar os pobres e ser exemplo a jovens a caminho do sacerdócio

Pe. Antônio Ribeiro do Rosário, um padre simples, mas com lições de vida, de amor aos pobres que inspirou jovens a vocação sacerdotal. Um exemplo de educador, que deixa como legado uma escola por onde passaram gerações.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

Defino Pe. Rosário como um homem santo. Ele é uma presença cotidiana em meu ministério presbiteral.” Pe. Márcio André Ribeiro dos Santos

Pe. Antônio Ribeiro do Rosário, um homem simples, mas que soube deixar lições para todas as gerações. Exerceu no Legislativo campista mandatos e soube usar a tribuna da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) para a defesa da vida e dos pobres. Um de seus projetos foi a criação do Banco de Sangue, que até hoje salva vidas.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, Bispo de Campos destaca o exemplo de sacerdote e a missão profética exercida na Diocese de Campos. Um homem que viveu e formou cidadania e se ocupando com os pobres e realizando feiras de ação social e transformadora.

– A vida e a missão do Pe. Rosário se identifica com uma doutrina muito viva e uma catequese popular com muita sabedoria, nós tributamos ao Pe. Rosário se ocupou de defender o direito dos pobres atendendo com escolas. Um outro aspecto os feriados religiosos com apoio que sempre deu as festas do Santíssimo Sacramento, Santíssimo Salvador que também tem essa dimensão social de convivência e harmonização de pessoas. Se caracterizou por ser um empreendedor social de ligar a cidadania a ação social e espiritualidade o que é difícil unir essas dimensões numa pessoa. Mas como grande líder espiritual soube unir a fé com as obras de misericórdia transformadora deixando um legado muito importante na educação com o Colégio Eucarístico. Padre Rosário é exemplo para todos padres que tem dificuldade de ligar sua fé e doutrina ao comprometimento com os pobres. – confidencia Dom Roberto Francisco.

Exemplo de padre e de cidadão

Pe. Márcio André Ribeiro dos Santos atualmente na Paroquia Santa Teresinha, Campos dos Goytacazes recorda seus primeiros contatos com Pe. Antônio Ribeiro do Rosário ainda na infância. Com 8 anos iniciava nas aulas de catecismo e percebeu a simplicidade do sacerdote. Nas lembranças as lições que aprendeu e a inspiração a seguir o mesmo caminho no sacerdócio.

– Corria o ano de 1976 quando então com apenas 8 anos de idade eu convidado por outras crianças da rua onde morava fui ela primeira vez ao catecismo. Foi nesta oportunidade que conheci o padre Rosário. Chamou-me atenção aquele homem vestido de preto com um aspecto austero, porém cativante. Naquele tempo havia a presença das irmãs de Santa Terezinha estas colaboravam com a catequese e a evangelização em nosso bairro. No mesmo ano meu pai decidiu matricular me no colégio Eucarístico onde pude conviver mais proximamente ao padre Rosário. Somente quem com ele convivia era e é capaz de compreender sua pessoa e temperamento.

Nesses momentos de convivência surgia um grande ensinamento que hoje continua inspirando Pe. Márcio André Ribeiro dos Santos e lições de vida que norteiam seu ministério sacerdotal. E testemunha a fé e a piedade eucarística que revelava com palavras e atitudes, um homem santo que sempre dedicava seu tempo a viver o amor em especial aos pobres.

– Muitos foram as ocasiões onde pude testemunhar a fé e a piedade eucarísticas de sua pessoa. Defino Pe. Rosário como um homem santo. Ele é uma presença cotidiana em meu ministério presbiteral. Lembro do dia em que ele disse que eu tinha vocação sacerdotal. Quantos momentos marcantes. Lembro também quando na véspera de seu falecimento dei a ele a unção dos enfermos olhando seus olhos que se apagavam. Por fim ele foi e é presença de Deus na minha vida. Sei que um dia nos reencontraremos no céu. – conclui Pe. Márcio André.

Construtor de igrejas

Por toda a cidade é possível ver o legado do Pe. Rosário. Foi um grande construtor de igrejas. A Igreja Santa Teresinha, no Bairro da Pecuária é um dos templos construídos pelo sacerdote. E nesta paróquia está atualmente o Pe. Márcio André Ribeiro dos Santos. Uma obra memorável que é testemunho da obra desse padre simples, mas de profunda piedade.

Padre e Vereador

Sacerdote católico, poeta, dramaturgo, professor. Embora sendo monsenhor, nunca permitiu que fosse usada essa posição honorífica no seu ministério sacerdotal. Teve grande atuação assistencial. Produziu extensa obra literária e teatral. Foi vereador durante 35 anos.

Como principal legado Pe. Rosário sempre se preocupou com a população carente e entre os inúmeros projetos foi o responsável pela do Banco de Sangue e a criação dos feriados religiosos na cidade. Como vereador, teve grande participação em projetos que visavam o desenvolvimento da cidade, dando a população condições de uma representatividade no legislativo municipal e se tornando porta-voz de suas necessidades.

Em 1947 o Pe. Antônio Ribeiro do Rosário foi eleito vereador, pela primeira vez, computando 691 votos, sendo reeleito por sete legislaturas deixando importantes projetos transformados em leis que perduram até os dias atuais. Já encerrado sua carreira política   teve sua eleição no pleito de 15 de novembro de 1972, para o período legislativo de 1º de fevereiro de 1973 a 31 de janeiro de 1977, Monsenhor Rosário, pela ARENA, foi eleito com 2.047 votos. Padre Antônio foi eleito com 2.037 votos pela ARENA pelo período de 1º de fevereiro de 1977 até 31 de janeiro de 1983. Esse foi seu último mandato na Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes. Uma presença profética e sempre na defesa da vida e da dignidade dos pobres.

 

Um pouco de sua história

Antônio Ribeiro do Rosário nasceu em 24 de agosto de 1909 em Conceição de Macabu. Filho do médico Dr. Antônio Ribeiro do Rosário e de Dona Euphenia Souto Rosário.

Iniciou seus estudos em sua terra natal,transferindo-se para Campos a fim de concluí-los. No Liceu de Humanidades de Campos encerrou o preparatório que dava acesso ao Ensino Superior. Nesse estabelecimento de Ensino concluiu o curso de Geografia e Cosmografia.

Sua vocação para o sacerdócio já apareceu aos sete anos de idade. Aos 19, ingressou no Seminário, seguindo para São Paulo em 1929 e em seguida para o Seminário de Mariana em Minas Gerais. Ali concluiria seus estudos eclesiásticos e retornaria a Campos, tendo recebido a ordenação sacerdotal no dia 18 de dezembro de 1932. Em seu ministério percorreu várias paróquias da cidade, tendo uma passagem pela cidade de Varre-Sai, onde construiu um colégio e a Igreja de Santa Terezinha.

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