Por um patriotismo generoso e autêntico

Ao aproximar-se a Semana da Pátria e Dia da Independência Nacional torna-se importante refletir sobre o significado mais profundo e genuíno de pertencer a uma Pátria. Poderíamos iniciar afirmando que é o país em que nascemos à terra dos nossos pais e ancestrais, sim, mas acrescentando um forte conteúdo emocional e emblemático, enraizado numa continuidade histórica, num patrimônio comum de ideias, aspirações, símbolos, linguagem, valores culturais e transcendentes que devem ser conservados, vivenciados e transmitidos a todas as gerações. 

Contra aqueles que pretendem usurpar ou identificar-se como os únicos detentores destes fundamentos e alicerces é bom lembrar as seguintes palavras de Rui Barbosa: “A Pátria não é ninguém, são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A Pátria não é um sistema, um monopólio, um governo: é o céu, o solo, o lar, o berço dos filhos e túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem são os que não invejam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se acovardam, mas resistem, mas ensinam, mas se esforçam, mas pacificam, mas dialogam, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são benignos e residem originariamente no amor”. Portanto, o patriotismo generoso e autêntico se caracteriza pelo desinteresse, amor puro e desapego;  o realismo aceitando a Pátria como ela é com suas grandezas e limitações; a permanência isto é um amor fiel e constante; a magnanimidade um amor que não inveja nem concorre com outras Pátrias, mas que respeita a todas, na sua singularidade e beleza. 

É bem diferente o desvio de um nacionalismo agressivo em estado febril e paranóico que pensa que todos os países são inimigos e almejam nossa destruição. Para terminar é preciso recordar a seguinte citação da Gaudium et Spes nº 75: “Os cidadãos cultivem com grandeza de alma e fidelidade o amor à Pátria, mas sem estreiteza de espírito, isto é, de tal maneira que se interessem sempre ao mesmo tempo pelo bem de toda a humanidade, que abarca raças, povos e nações, unidos por toda sorte de laços”. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 1º de Setembro de 2024.

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