Rezar pelo grito da Terra!

Com esta intenção do Papa para o mês de setembro introduzimos o denominado Tempo de Oração pelo Cuidado da Criação. Esta experiência espiritual iniciou-se pela Igreja Ortodoxa em 1985, paulatinamente foram se unindo várias Igrejas Cristãs a iniciativa e o Papa Francisco aderiu em 2015. Este ano vem com o tema para o Dia Mundial de Oração que abre o Tempo de Cuidado pela Criação: “Espera e age com a Criação”. Inspirado na Carta de São Paulo aos Romanos que esclarece o profundo significado da vida no Espírito, a vivência da fé porque somos habitados pelo Espírito, e pelo seu derramamento em nossos corações superamos a lógica do mundo, tornando-nos cristãos fieis e criativos para amar e cuidar da Terra e de todas as criaturas. É pelo Espírito Santo que geme em nosso interior que aprendemos a escutar e atender os gemidos da Terra. Gemer diz o Papa manifesta inquietação e sofrimento, juntamente com suspiro e sonho. Pois toda a Criação está implicada neste processo de um novo nascimento, gemendo, espera libertação. Enquanto, expectativa de um nascimento (a revelação dos filhos de Deus), a esperança é a possibilidade de permanecer firmes no meio das tribulações e contradições nunca desanimando face à barbárie humana. 

Esperança abraâmica, como espera paciente que antevê a realização dos sonhos. E com o espírito profético do abade calabrês Joaquim de Fiore, citado por Dante Alighieri que numa época de lutas acirradas e crueis de conflitos entre o Papado e o Império, as cruzadas e os movimentos heréticos, soube apontar o surgimento de um novo espírito de convivência, amizade social e fraternidade social, explicitado pelo Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. Esta harmonia deve pautar um novo relacionamento com a Criação a partir de um “antropocentrismo situado” desenvolvido na Laudate Deum. A salvação que Cristo trouxe a humanidade é a esperança segura inclusive para a criação, com efeito, também ela será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus”. (Rm 8,21). Esperar e agir com a criação, exige unir forças caminhando com toda a humanidade, repensando seriamente a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites, (Laudate Deum,28). 

Como as crianças reunidas na Praça de São Pedro por ocasião da Solenidade da Santíssima Trindade, compreenderam que o Espírito Santo acompanha-nos na vida e muda radicalmente nossa atitude, inspirados por Ele poderemos passar de predadores a cultivadores e cuidadores do jardim da Terra. E assim, pela força do mesmo Espírito e sua presença em nós, faremos de nossa vida um cântico de amor para Deus, para a humanidade e a criação, vivendo a plenitude da santidade. Louvado seja Deus!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 08 de Setembro de 2024.

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