Setembro amarelo: um olhar de cuidado consigo e com os outros

Pe. Marcelo José Monteiro da Costa – Arquidiocese de Niterói

Neste momento de pós-pandemia, acentua-se os problemas de ordem psicossociais como ansiedade e depressão e consequentemente, pode vir a idealização ou tentativa de suicídio.  Frequentemente, estamos ouvindo nos noticiários a respeito de pessoas que tiraram a própria vida: adolescentes, jovens, adultos e até mesmo líderes religiosos como padres católicos, pastores evangélicos.    Não importa a posição social, profissional, intelectual, religião, é o ser humano em seus conflitos, nos seus limites, nas suas angústias pessoais que necessitam do nosso apoio e suporte em sua vida.

O suicídio: ato de tirar a própria vida É uma das 10 principais causas de morte no mundo e principalmente entre adolescentes e adultos, e é um dos problemas de saúde pública segundo a OMS e o Ministério Público no Brasil (Dutra et al, 2018).  A magnitude do problema é em realidade muito maior do que as estatísticas sugerem, pois muitos suicídios são disfarçados como acidentes e, portanto, não são reconhecidos.   Há também os gestos de mutilação, em que os indivíduos se engajam em comportamento suicida óbvio, mas na realidade não desejam se matar, mas são apenas pedidos de ajuda.  Em outros casos, são uma tentativa de manipular ou controlar os outros.

São diversos pensamentos que vem na mente de alguém que está com ideação suicida e se faz necessário identificá-los, para assim, combatê-los:

  1. Admita que você tem um problema;
  2. Perceba a necessidade de uma ajuda e que o seu problema tem solução.  Nunca se fechar ao problema (veja o filme/livro: “O Vendedor de Sonhos” de Augusto Cury).
  3. Não se deixe levar pelos pensamentos negativos de sua mente (faça exercícios de respiração e renuncie);
  4. Deixe, portanto, a vergonha e o medo de lado.  Quando fixamos as dificuldades no medo vem muitas fantasias. Cuidado! “A imaginação (ruim) é a louca da casa” (Santa Tereza de Ávila).
  5. Cultivar bons hábitos: esporte (gera endorfina, autoestima), boas leituras, escrever (textos, artigos, livros), praticar qualquer tipo de arte; fazer bons passeios com amigos; frequentar as missas/grupo de oração/movimentos e ter uma espiritualidade;
  6. Compartilhar o seu problema com alguém de confiança; cuidado com as redes sociais  pois há pessoas com má  índole; “Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro” (Eclo 6).
  7. Procurar ajuda do CVC pelo telefone, basta ligar: 188.
  8. Procurar ajuda de um profissional: psicólogo, psiquiatra, arteterapeuta e dentre outros. “Deus deu inteligência ao homem para curar” (Eclo 38).
  9. Procurar ajuda de um padre, um diácono ou um leigo mais capacitado para lhe ajudar em sua espiritualidade (encontros mensais);

Contudo, neste mês de setembro amarelo (e em todo ano), possamos ser luzes para as pessoas que se encontram confusas, angustiadas, tristes e com ideias de suicídio. A fé é uma das bases, juntamente com vários âmbitos científicos, no apoio às pessoas que sofrem no âmbito biopsicossocial e também, espiritual.

Possamos lembrar também das palavras de esperança que Jesus nos fala: “Vinde vós que estais cansados e fatigados, pois meu peso é leve e meu fardo é suave”.  E ainda nas palavras proféticas: “Eis que faço nova todas as coisas…” (Ap 21), “Eu sou a ressurreição e a vida e aquele que vier a mim terá a vida eterna” (Jo 11).  

Caso tenhamos encontrado uma família que perdeu um ente querido através do suicídio, possamos realizar a pósvenção:  rezando com a família, colocando o nome na missa (colocar na misericórdia infinita de Deus).

Pe. Marcelo José Monteiro da Costa

Mestre em Psicologia Social e do Desenvolvimento Humano

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