Tempos de Guerra e Tempos de Paz (Ecl 3,8)

Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa (sacerdote e Vigário Judicial da Diocese de Campos-RJ.)

No último dia 06 de junho, dia de São Norberto (+1134), bispo de Magdeburgo, na Alemanha, um nobre que se entregou ao luxo, às caças e aos prazeres. Poderia ter sido militar, mas preferiu abraçar a vida religiosa. Para reparar o seu passado vergonhoso tornou-se um solitário peregrino usando roupa de penitente e descalço. Fundou a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses. Tornou-se um grande pregador e reformador combatendo os privilégios dos nobres e do clero no interior do cristianismo. Com o apoio do Papa Bento VIII conseguiu êxito no seu apostolado. Sua história é formidável.

Neste mesmo 06 de junho, foi comemorado os 80 anos do Dia “D”, a “invasão” das tropas Aliadas na Normandia, diante do Castelo de São Miguel Arcanjo, cuja iconografia o representa como um militar tendo sob seu controle Satanás, marcando o início do fim em 1944, da 2ª Guerra Mundial.

A França celebrou este dia com a presença dos seguintes Chefes de Estado, Emmanuel Macron (França), o anfitrião, Joe Biden (EUA) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia), cujo credo religioso é judeu. Num cenário geopolítico em total transformação, eu questiono onde estão os outros 190 países dos 193 reconhecidos pela ONU? Meu Deus do Céu faltaram 190 países. Talvez alguns tenham enviado mensagens sobre esta data tão especial ou representante, o que não foi divulgado. A França sediará as Olimpíadas, ótimo. Com certeza receberá mais autoridades dos 193 países que neste importante dia “D”. Ainda que para este evento esportivo não precisem ser convidados.

Esta data é do mundo. Condenamos com razão o horror holocausto nazista e senti falta da participação da Alemanha neste evento. Guerras também acontecem na África, e raramente chegam aos nossos conhecimentos. Por hora não vou comentar sobre os conflitos entre Palestina e Israel, o que reduziu o foco sobre as notícias do que ocorre entre a Rússia e a Ucrânia.

Nosso querido Papa Francisco, cuja intenção do Apostolado da Oração, pede o fim das guerras, nos convida a ir ao encontro dos refugiados. Inclusive já se oferecendo como intermediador para a resolução entre a Rússia e a Ucrânia.  Infelizmente, por hora, não está sendo compreendido. Para este dia o Papa Francisco enviou mensagem ao bispo de Bayeux, França, dom Jacques Habert, e afirmou entre outras palavras: “Os povos desejam a paz! Desejam condições de estabilidade, de segurança e de prosperidade, nas quais cada um possa cumprir serenamente o seu dever e o seu destino. Arruinar esta nobre ordem de coisas por ambições ideológicas, nacionalistas, econômicas é uma falta grave diante dos homens e diante da história, um pecado diante de Deus”. Assim, nossa Igreja não se omitiu. Obrigado Papa Francisco.

Muito me entristece o oportunismo no encontro entre os presidentes da França e dos EUA, ano de eleição presidencial em seus países, ao fomentar a Guerra na Ucrânia. O Presidente Americano Joe Biden anunciou uma “doação” para a Ucrânia de 2,1 bilhões de dólares e o Presidente Emmanuel Macron, da França, enviar aviões de guerra para a Ucrânia e treinamento de pilotos. Na minha pobre e limitada opinião, a Ucrânia acaba como “bucha de canhão” e cobaia de países querendo mostrar à Rússia seu poderio bélico. Tais países poderiam pedir um cessar fogo para negociar a paz entre neste conflito Rússia e Ucrânia. Porém, tanto Biden como Macron só fazem referência ao cessar fogo nos conflitos em Gaza.

Independente de haver países cujo credo se difere do nosso, precisamos da paz mundial. Cito o Papa Francisco aos 14/02/2023 sobre a Inteligência artificial e a sua prossecução da paz e do bem comum: “A liberdade e a convivência pacífica ficam ameaçadas, quando os seres humanos cedem à tentação do egoísmo, do interesse próprio, da ânsia de lucro e da sede de poder”.

Que Nossa Senhora Auxiliadora dos cristãos interceda por nós e pelo mundo inteiro.