Tempo de Cuidar: paróquias e comunidades da Diocese de Campos realizam ações de cuidado e solidariedade
Neste tempo de Pandemia e os efeitos na economia geraram o agravamento dos problemas sociais. Na Diocese de Campos (RJ) as paróquias e comunidades estão promovendo ações de solidariedade e de cuidado com os pobres. Atualmente na cidade aumentou a população em situação de vulnerabilidade e a urgência de ajudar essas famílias.
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
“Essa missão para nós do Grupo da Caridade, nos ensina todos os dias que quando nos unirmos em um bem maior, pelo próximo, onde cada um faz um pouquinho, podemos fazer a diferença na vida de alguém, nessa nossa sociedade!! Por isso costumo dizer e esse é o Lema do Grupo da Caridade da Paróquia São José. Juntos somos mais fores sempre. Santa Dulce dos Pobres, rogai por nós.”Heloisa Helena Sobrinho – Pastoral da Caridade- Paróquia São José- Parque Cidade Luz
Com a Pandemia e o aumento das desigualdades sociais as Paróquias e comunidades se unem para ajudar as famílias em vulnerabilidade social com distribuição de cestas básicas. Algumas comunidades na periferia são as mais atingidas e recebem atenção especial neste tempo marcado pelo desemprego. No Distrito de Morro do Coco a Pastoral Social Santa Teresa de Calcutá, da Paróquia de Nossa Senhora da Penha está recebendo doações em alimentos e em dinheiro para ajudar as famílias carentes.
Junto com o alimento acolhida e o cuidado com todos os protocolos sanitários. A Coordenadora Bruna Rodrigues da Silva Mendes destaca que a missão de cuidar tem exigido o aumento na arrecadação de alimentos para atender a 30 famílias. Neste início de inverno a pastoral está precisando de agasalhos. Uma luta para ajudar aos mais necessitados.
– Estamos trabalhando muito, mas este mês foi bastante desafiador, mas estamos conseguindo, graças a Deus. A comunidade tem nos abraçado muito e sem eles não conseguiríamos fazer nada. Tem sido muito bonita a maneira que as pessoas estão nos apoiando. Em Morro do Coco a população é muito diversificada com muitos jovens atuantes na comunidade, mas temos pessoas mais idosas e são muito carinhosas com a pastoral, muito preocupados em partilhar. Com a pandemia muitas pessoas estão afastadas da igreja, mas procuram ajudar a missão de cuidar do pobre. – disse Bruna.
Nas periferias o aumento da pobreza
“A Pastoral da Caridade é formado por 21 pessoas e temos total apoio do Pe. Cristiano.Para nós do Grupo da Caridade é gratificante essa missão, onde somos recebidos com sorrisos, choros de agradecimento ao levar a nossos irmãos o que comer, o que vestir!!E isso tudo é possível graças a Paróquia São José, que apesar de ser composta de pessoas humildes, está sempre disposta a nos ajudar com suas doações, algumas capelas e comunidades vizinhas também que fazem suas doações e alguns benfeitores que nos doam sacolão não todo mês!!” Daniele Gomes Viana.
No Distrito de Guarus algumas paroquias estão enfrentando o aumento de famílias em situação de extrema pobreza. E essas famílias estão sendo assistidas com cestas básicas. A ação de cuidado na Paróquia São José, no Parque Cidade Luz é realizada pela Pastoral da Caridade que arrecada alimentos, roupas e calçados destinados ao Parque Aldeia 1, uma comunidade que concentra famílias carentes. O trabalho é realizado com todos desafios, mas a missão de cuidar do pobre acontece.
As Coordenadoras da Pastoral da Caridade Daniele Gomes Viana e Heloisa Helena Sobrinho relatam as dificuldades em atender as famílias carentes. Além de alimentos a pastoral recebe doações de roupas, calçados, medicamentos e fraldas geriátricas. Os desafios em atender as famílias em vulnerabilidade social e a necessidade de aumentar as doações. Como as doações nem sempre são suficientes a pastoral realiza atividades para angariar recursos. O trabalho conta com total apoio do Pe. Cristiano Januária Ribeiro, que incentiva a ação caritativa numa igreja em saída. E revela a importância de todos partilharem. Ação de cuidado e neste tempo de pandemia que ampliou as desigualdades sociais numa região de extrema pobreza.
– Com a iniciativa do nosso Padre Cristiano Januário Ribeiro, o nosso Grupo da Caridade da Paróquia São José, no Cidade Luz, foi criado no dia 20 de agosto de 2019, onde recebemos essa linda missão de levar aos nossos irmãos necessitados não só as doações, mais a presença do amor ao próximo e uma palavra de esperança em meio a tantas perdas e tristezas, nesses momentos difíceis de pandemia em que estamos vivendo. E ao decorrer desse tempo de pandemia essa missão foi mais longe, onde atendemos famílias de bairros vizinhos, que vem até nós ou até nossa Paróquia em busca de alimentos, frauda geriátrica para algum familiar acamado, frauda infantil, leite especial, roupas adulto e infantil, calçados adulto e infantil, etc… – conta Daniele.
Acolher, levar alimentos e o amor
“Não sei o que o Senhor e Santa Dulce têm reservado para nós, mas tenho certeza que é o melhor.” Maristela Cruz
Na comunidade de Ururai a Missão da Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres é levar além do alimento o amor. Gestos simples, mas carregados de sentimentos. Receber um agasalho novo levou alegria ao pequeno Gabriel, 6 anos. E tudo expresso num sorriso. O pequeno vive com a mãe e revela com o carinho a gratidão pelo presente. Gosta da cor do agasalho e agradece a pessoa que deu o presente. Maristela reconhece neste gesto o resultado da ação da Pastoral Social que se inspira na santa baiana que doou sua vida aos mais necessitados.
O exemplo de Gabriel serve para incentivar as todos a ajudarem dentro de suas possibilidades. Um gesto simples que trouxe além da alegria a ajuda na necessidade e a gratidão da mãe Joelma Souza de Almeida. Cuidar de todos que precisam de apoio nesse momento e uma missão compartilhada entre as duas paróquias e Pe. Hélio Marcos da Rosa faz um apelo a todos a ajudarem a Pastoral Social Santa Dulce dos Pobres a essa missão solidaria.
– Em meio a uma pandemia nos vemos diante de um novo desafio, mas com a graça de Deus Nosso Senhor e intercessão de Santa Dulce conseguimos as doações de cobertores, mantas, agasalhos e roupas de cama e banho para nossos irmãos. Tudo isso através de doações recebidas pelo Padre Hélio, gincana elaborada por uma creche escola (Sagrada Família) que num gesto solidário muito contribuiu com nossos trabalhos. Todo nosso trabalho é feito com muito amor, dedicação e satisfação, procuramos sempre dar o melhor para servir ao próximo seguindo sempre o exemplo de Santa Dulce. – conta Maristela Cruz.
A Caridade e a transformação da realidade social
A Assistente Social Janaina Cordeiro de Azevedo da Obra Social São Geraldo da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no IPS, aposta num trabalho de assistência as famílias carentes que possa ser realizada não como assistencialismo, mas como um cuidado com os pobres. Atualmente a assistência é feita com critérios. A cada seis meses é feita uma avaliação para abrir vagas a famílias que precisam de um cuidado especial em tempo de pandemia.
Janaina defende a importância da comunicação das ações e pastorais sociais para que o trabalho seja partilhando experiencias e a formação de um cadastro de famílias assistidas. O objetivo é o controle da assistência dando condições de ajudar as famílias carentes no próprio território da paróquia evitando que a ajuda seja um assistencialismo. A missão da igreja é o cuidado com os necessitados que a pandemia aumentou as famílias em vulnerabilidade social.
Tempo de cuidar em tempo de acolher os pobres
“Acolher, cuidar, e conscientizar para saibam de seus direitos e transforme toda a sociedade. Ensinar a pescar e a cuidar do rio para que nunca falte o peixe. Pobres sujeitos de transformação social.” Dom Roberto Francisco – Bispo de Campos.
Dom Roberto Francisco revela a acolhida aos pobres nas suas necessidades emergenciais, mas sem deixar de lado as realidades estruturais de transformar pela Pedagogia nas pastorais e fazer que possam ser sujeitos de suas histórias, narrativas e sendo capacitado como agente social e conheça seus direitos e possa intervir nos processos. Se torne um sujeito coletivo e se organize e as pastorais não se restrinjam a uma linha assistencial.
– O qualitativo nunca pode ser esquecido porque o pobre não é cliente e não ser um objeto da caridade. A melhor caridade é fazer que ele assuma seu destino e ande com suas próprias pernas e por isso aquela parábola da transformação social do pobre. É bom dar o peixe, mas ensinar a pescar e dar o instrumento do trabalho, mas o controle do rio e a cooperatização dos frutos para toda a sociedade. Este é o processo de conscientização do irmão pobre e que ele possa desfrutar dos frutos de seu trabalho incidindo na realidade e sendo protagonista da construção de uma nova sociedade na qual não se formem miseráveis, mas pessoas que possam bem viver e conviver numa sociedade para todos. – avalia o bispo.