A Espiritualidade do Coração de Jesus na Pandemia: ter Misericórdia e Cuidado
Diácono Adelino Barcellos filho
Nesta reflexão, vamos direcionar para três aspectos específicos: 1- Crescer “sem cessar” (1Tes 5, 17), na intimidade com o Coração de Jesus; 2- O mistério da iniquidade que tenta controlar as situações e nos desviar do Caminho; e, por fim, 3- a Justiça Social como prática da Misericórdia, como nos convoca o Papa Francisco ao “cuidado da Casa Comum”, em tempos de Pandemia. 1-
O Concílio Vaticano II, na LG-(LUMEN GENTIUM) 34 nos exorta que: “todas as obras, orações e iniciativas […] o trabalho cotidiano e o descanso do corpo e da alma, se forem feitos no Espírito Santo, e as próprias incomodidades da vida suportadas, com paciência se tornam outros tantos sacrifícios espirituais […] Piedosamente oferecidos ao Pai, juntamente com a oblação do Corpo do Senhor, na Celebração Eucarística, consagrando a Deus o próprio mundo”.
Porém, as situações adversas surgem e temos que enfrentá-las, com uma espiritualidade sólida, oferecida pela Fé da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da Tradição, Sagradas Escrituras e Sagrado magistério; assim sendo, firmamo-nos no tripé: oração (construir uma vida de intimidade com Deus – fazer da vida uma oração); formação (conhecer, para Amar mais e mais, crescer em Sabedoria; e, o diálogo (Verticalidade e Horizontalidade – com Deus e com o próximo). Como nos demonstra o Catecismo da Igreja Católica, em seu capítulo II, parágrafo 50: “Deus vem ao encontro do homem”. Por outro lado,
2- Nos deparamos com o mistério da iniquidade, apesar de Deus ser “infinitamente bom e todas as suas obras serem boas […] Ninguém escapa a experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza que aparecem ligados às limitações próprias das criaturas e, sobretudo, à questão do mal moral”. (Catecismo parágrafo 385). E ainda, conforme 2Ts 2,7, o “mistério da iniquidade já está em ação apenas esperando o desaparecimento daquele que o detém”.
Nessa pandemia estamos observando, por causa do recolhimento social que, outras doenças escondidas estão se manifestando, através do egoísmo velado e da hipocrisia, inclusive, dentro da Igreja, levando o Papa Francisco, através do anúncio, denunciar a hipocrisia, ao afirmar que, “o hipócrita não sabe Amar”. Enfim, desviando da meta cristã, que é uma Pessoa, Jesus Cristo. Para tanto,
3- A Justiça Social, como prática da Misericórdia, para convertidos ou crentes, de preferência, tem como ponto de partida e de chegada a Piedade Eucarística, a Vida Eucarística, pela qual toda a vida dos fiéis se forma e se dispõe para participar da Sagrada Liturgia” (Carta Apostólica Investigabiles Divititas, em 6 fev. de 1965). Realidade que nos foi negada, nessa Pandemia, só nos restando a ‘máxima’: “Se permanecerdes em mim […], pedireis tudo o que quiserdes e vos será concedido.” (Jo, 15, 7).
Ainda conforme o Papa Paulo VI, na Instrução Geral sobre o Missal Romano, “tudo foi ordenado para aumentar cada vez mais nos fiéis “a fome da Palavra de Deus”, que sob a direção do Espírito Santo, deve levar o povo da Nova Aliança à perfeita unidade da Igreja”.
Enfim, só existe um meio de crescer na intimidade do Coração de Jesus Cristo; trata-se de estarmos atentos “sobre o cuidado da Casa Comum”, como nos adverte e exorta, na Encíclica ‘Laudato Si’, onde o Santo Padre critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e de abuso dos bens que Deus colocou em nosso planeta, (fazendo um apelo a mudança e a unificação): quem afirma estar em consonância com a espiritualidade do Coração de Jesus mas, não se abre a recusar ações egoístas, degradantes, sem se preocupar com o cuidado do ambiente e do outro, daquele irmão ou irmã, que está ao seu lado, está cometendo um grande equívoco, precisando rever conceitos, eliminar preconceitos e abraçar verdadeiramente a causa Daquele que entrega Sua vida em favor de muitos.
Principalmente dos desvalidos da sorte, necessitados de amparo, proteção e cuidados específicos. Façamos, portanto, “preces, orações, súplicas e ação de Graças, por todos os homens, pelos Reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade e isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade” (1Tm 2, 14).
Desenvolvermos forças que já existem dentro de nós: a coragem, a esperança e a perseverança. Afinal, a Verdade é uma Pessoa: “Jesus, eu confio em Vós!!