Autismo e inclusão – Educação para todos (as)
Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves – Teólogo e Professor
No dia 02 de abril é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A referida data tem o intuito de destacar a importância do diagnóstico e os cuidados necessários para com os autistas. Neste ano de 2022, o tema da campanha é “Lugar de Autista é em Todo Lugar” que propõe a inclusão dos portadores de autismo em toda a sociedade. Um dado importante é observar que a sociedade brasileira ainda não tem consciência da importância de cuidar, zelar e proteger o seu próximo. Por isso, é essencial que a questão do autismo esta diretamente ligada a proposta de promover a inclusão de cada um e cada uma na sociedade, na escola e em outras realidades.
Autismo vem da palavra de origem grega “autos” cujo significado é “próprio ou de si mesmo”, sendo caracterizado como um distúrbio neurológico que surge ainda na infância, causando atrasos no desenvolvimento da criança.
O aluno com autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista), apresenta características variadas que comprometem desde a relação com outras pessoas até a sua linguagem. Assim, dentre as características do autismo, temos: a dificuldade na comunicação e interação social; apresentando padrões restritos e repetitivos de comportamento, atividades ou mesmo interesses.
A proposta de conscientizar a todos sobre a inclusão do autismo é que de o aluno com autismo tem condições de aprender e se socializar. Ele passa pelo mesmo processo ensino e aprendizagem que os demais alunos, sendo assim esta realidade se liga na construção do conhecimento.
É claro que o processo será necessário ser repensando, o aluno com autismo encontra grandes dificuldades ao ingressar na escola regular. Entretanto as dificuldades não devem ser empecilhos para se comprometer com o cuidado com o outro. Diante dos desafios, somos chamados a nos colocar no processo de reinvenção do cotidiano. Para tanto é necessário ter cuidado com a vida, respeitar o próximo e, principalmente, os mais frágeis. Uma conduta moral duvidosa, sem apreço à vida, nos leva a deixar de vivenciar os melhores momentos. Por isso, ter esperança, ou esperançar, é ter iniciativa, é ir ao encontro, é buscar ouvir os que mais precisam.
Desta forma, falar do acolhimento e inclusão dos autistas é essencial para a realidade da vida de cada um. As dificuldades no processo ensino aprendizado também faz parte do processo do professor, com isso é preciso promover a aprendizagem e adaptar o currículo.
Contudo é essencial a parceria com a família, pois sem o envolvimento e comprometimento dentro de casa a relação do autista no meio social se torna mais complicada e difícil. Sendo assim, é preciso se comprometer com a realidade e com o processo que não é fácil. Assim, neste cenário, o professor e a escola tem papel determinante e devem sempre buscar uma maior aproximação, ir com cautela e se comprometendo com o bem-estar do indivíduo.
A cooperação com a família é essencial, pois esse momento é de grande aproximação de dois ambientes: escola e casa, que devem colaborar para o bom aproveitamento do tempo para as atividades propostas. Para tanto, é urgente refletir sobre o caminho a se seguir, buscar sempre escutar as demandas e, acima de tudo, ser solidário com todos. Para muitos o caminho pode ser lento, entretanto, se bem trabalhado, mostra como é necessário o zelo pelo outro e sua realidade.
Diante deste contexto é urgente abrir os olhos para a inclusão dos alunos com TEA. É preciso, urgentemente, se fazer ouvir e articular o maior crescimento da consciência humana sobre o que é ser humano. Para tanto, esta realidade é necessária no que tange o bem do próximo e não o meu próprio bem-estar.
É preciso cultivar o caminho ético. Que a nossa conduta moral seja pautada pelas regras aplicadas no cotidiano e que devem ser respeitadas por cada um, principalmente, neste período de distanciamento e isolamento social. Assim, compreendendo a realidade vivida e o respeito a todos e à Mãe Terra, teremos condições de deixar um bom legado aos que estão por vir e às futuras gerações: pessoas melhores para o mundo consequentemente melhor.
É preciso se comprometer com a cultura do encontro e do diálogo para que possamos nos comprometer com a vida de cada um e ser mais solidários. A inclusão do autismo em todos os ambientes ainda sofre grandes preconceitos, principalmente por conta da desinformação.
A inclusão da criança com autismo deve ser feita naturalmente, como é com toda criança que vai à escola.No processo gradativo, terá condições de se desenvolver, aprender, respeitandoo seu ritmo e, acima de tudo, deve ser inserida em sala de aula com o apoio da coordenação pedagógica e de todos os profissionais envolvidos para promover um planejamento pedagógico adequado à cada realidade. Assim diante este cenário deve-se considerar as suas dificuldades, habilidades e necessidades.
Sendo assim, dotados dessa responsabilidade é urgente pensar que os projetos de formação da educação para o humanismo solidário têm por foco principal a ação consciente de cada um na construção de uma Educação para o humanismo solidário e que haja uma verdadeira inclusão de todos nesta realidade.
Com este contexto, diante dos desafios, que são grandes, não se pode desistir. A primeira atitude é buscar o conhecimento sobre como lidar com o autista e como envolver a família, escola a vários profissionais para auxiliar no processo de inclusão do autismo. Destarte, a com o processo de inclusão, todos saem ganhando em uma escola onde a diversidade é compreendida e se faz valer os princípios básicos de ética e comprometimento com o outro.
Só será possível uma verdadeira mudança quando soubermos compreender as nossas necessidades e agir com consciência e grande discernimento e cuidar de todos que precisam. Por isso, é preciso a condução do ser humano, sua índole e o zelo pelo próximo. Assim, cuidar do outro, se colocar a escutá-lo e a fazer um processo de encontro é a base das nossas relações. Não podemos fugir disso, nem mesmo deixar de lado a realidade de uma sociedade que se esquece de escutar, olhar para a necessidade dos outros e, acima de tudo se colocar como aquele que serve, como Cristo fez.