Revisitando Emmanuel Mounier e a necessidade de um engajamento pessoal e democrático na política
Em tempos de descrédito na política e de erosão dos fundamentos da ordem democrática é importante para não cairmos no pessimismo raso da corrupção de valores e ideais, que levam inevitavelmente ao aventureirismo dos piores e as ditaduras; revisitar filósofos e mentores que inspiram a melhor política. Deve-se a Mounier o conceito de engajamento político moral contra a desordem humana, construir o que ele chamava a sociedade centrada e convergente na pessoa humana e na sua dignidade.
Contra todo totalitarismo ou idolatria do Estado ou do Capital, destaca-se nele a correta articulação de pessoa e comunidade fazendo acontecer a solidariedade e a subsidiariedade, dois princípios complementares e interligados. Uma sociedade que respira a liberdade pessoal, mas que amplia a solicitude social e a visão colaborativa na política, economia e na cultura. Diante das eleições municipais que se avizinham é imprescindível afirmar alto e de bom tom que comprar e vender votos é um estupro anti-cidadão e anti-republicano. Uma conduta vergonhosa e perversa que aniquila todos os valores democráticos, perpetuando o engodo mafioso, a exploração e a vil opressão dos desesperados e vulneráveis. Gerando não só analfabetos políticos, protofascistas, mas inoculando o vírus do cinismo, do anti civismo e da traição a democracia e a pátria. Corresponde a ser aliado da destruição social e roubar o futuro das próximas gerações, aprovando ou legitimando a cakistocracia o governo dos piores e mais corruptos.
Mounier nos diria hoje que o papel do cidadão como gestor, fiscal, ator e construtor da democracia é insubstituível, que implica anunciar e viver o que um bispo falou na Conferência de Aparecida, o principismo ou “castidade política”, a coerência e compromisso com uma política de valores. Estava somente lembrando a origem etimológica da palavra candidato, que no latim queria fazer referência aos políticos que se apresentavam para os cargos e ofícios, que vestia uma veste branca impoluta. Não vote jamais em políticos sujos e desonestos, que não ofereçam uma ficha limpa na sua vida e trajetória, denuncie toda forma e tentativa de corrupção eleitoral. Deus seja louvado e vote consciente e fielmente!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 14 de Julho de 2024.