O livro: um amigo que nos acompanha na jornada do autoconhecimento e nos desperta para a vida.
Na data de 29 de outubro comemoramos o Dia Nacional do Livro, fazendo memória da fundação da Biblioteca Nacional em 1810, pela presença da família real portuguesa no Rio de Janeiro. A história do livro descreve a história da civilização que desde a criação do alfabeto buscou registrar a sua trajetória e luta em diversos materiais, rolos de papiro (papel) couro e até barro cozido, servindo também para a contabilidade e outras técnicas de administração. Com a invenção da imprensa por Gutenberg o livro se tornou massivo e alcançou a quase todas as pessoas nos diversos povos e nações.
O lema deste ano propõe aproximarmo-nos dos livros para desvendar o que somos porque eles nos ajudam a discernir, comparar e avaliar, iluminando nossa caminhada, abrindo novos horizontes de compreensão da realidade, e incentivando a nossa imaginação. Nos liberta da cultura fast-food da mídia onde nos é apresentada uma versão atamancada das coisas, não raro falsificada que nos tira o direito de pensar por nós mesmos. O livro pelo contrário é um convite a dialogar com tramas, personagens onde desaparecem os estereótipos e os preconceitos para acessar o mistério e o drama do ser humano, nas suas contradições, angústias e esperanças. O livro pode passar por reciclagens, novas formatações e linguagens, mas sempre será um canal de inteligência espiritual, social e emocional que nos humaniza, pois como dizia o poeta Terêncio: “sou humano, nada que diga respeito a humanidade me é alheio”.
A mediocridade cultural pela que passamos com hegemonia da internet em nossas falas e verbalizações, deve-se em grande parte ao distanciamento e desinteresse para com os livros e as bibliotecas, fontes de inspiração e saberes compartilhados. Não é certamente aleatório ou exagerado o romance de Ray Bradbury Fahrenheit 451 onde se descrevia uma sociedade onde os bombeiros tinham como função queimar os livros para evitar que as pessoas pudessem acessar o verdadeiro sentido da vida e não a felicidade ilusória e conformista que lhes era imposta. Assim como afirmava Santo Tomás que devíamos ter cuidado do homem que lia um só livro, também é sumamente indigente aquele que despreza os livros e a sua leitura. Que aprendemos ao estudar e ler as Escrituras Sagradas, que são uma verdadeira coleção de livros onde encontramos a sabedoria divina; a dialogar e a visitar outros livros que também revelam a alma humana e a luz do Espírito Santo que sopra onde quer e nos encaminha sempre para a Verdade. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 27 de Outubro de 2024.