Dom Roberto Ferrería Paz admira atuação de enfermeiros e cita “comportamento heroico”

Nos últimos dias o Brasil tem assistido manifestações de profissionais de enfermagem reivindicando melhores condições de trabalho e equipamentos de proteção individual. Na praça dos três poderes em Brasília (DF), no último 1° de Maio, os profissionais de enfermagem, em silêncio, com cruzes nas mãos, usando máscaras e jalecos brancos, traziam o grito de tantos que já morreram em serviço. Os manifestantes, ao invés de serem apoiados, sofreram ofensas verbais e até mesmo atos de agressões físicas e verbais.

O portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conversou com o bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, sobre a importância do papel exercido por esses profissionais, sobretudo em época de pandemia.  No Brasil, os enfermeiros são mais de 2,3 milhões que trabalham em situações de risco, muitos dos quais cuidando atualmente de pacientes acometidos pela Covid-19.

Dom Roberto salientou que, a respeito das manifestações, é importante fazer ressoar o grito dos profissionais de saúde. Ele comentou o número de óbitos divulgado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e ressaltou o quanto a estatística era “pesada” para o Brasil, quando comparada com o número de óbitos em países como Itália e Espanha.

 “O Cofen coloca que tivemos 73 óbitos na enfermagem, o que equivale ao número de óbitos dos profissionais da Espanha e Itália juntas, isso mostra como essa estatística é realmente pesada para o Brasil, e mostra também que as condições aqui são muito diferentes às do cenário da Itália e da Espanha que tiveram hospitais que estavam muito melhores e aparelhados que os nossos, que vivem uma situação de colapso e de sub-financiamento com a falta de equipamentos”, disse dom Roberto.

O bispo salientou, ainda, que as manifestações são reflexos da péssima condição de trabalho no qual os enfermeiros são colocados, citando a falta de equipamentos, a exposição de profissionais com mais de 60 anos de idade na linha de frente e também à superlotação das unidades de terapia intensiva. “Todas essas condições somadas a uma falta de consideração com a classe no que diz respeito ao aspecto salarial, da jornada de trabalho e a falta do número exigido pela demanda que aumentou evidentemente com a pandemia, nos leva a nos responsabilizarmos por esse setor e nos unirmos com os conselheiros do Sistema Único de Saúde, o SUS, para fazer avançar”, disse o bispo.

Com relação ao futuro, especialmente pós-pandemia, dom Roberto disse que será necessário um forte investimento na saúde, com a valorização e qualificação da classe. “Ela está tendo um comportamento heroico, uma resiliência fora dos parâmetros normais, então rezemos, intercedemos por essa classe, mas vamos ao mesmo tempo nos somar para que justamente se veja a saúde como uma mola, uma alavanca do desenvolvimento. Investir na saúde não é despesa, não é gasto, é multiplicar as possibilidades de chegarmos a uma sociedade mais equilibrada, mais harmoniosa com inclusão e direitos oficiais”, finalizou o bispo.

 

Dia Mundial dos Profissionais de Enfermagem

No dia 12 de maio, é celebrado o Dia do Profissional de Enfermagem. O Juliano Fortunato Godoy de Souza, enfermeiro, diácono da diocese de Jales, em São Paulo, disse que o papel desses profissionais está sendo fundamental neste período de pandemia e ressaltou a necessidade deles receberem reconhecimento e apoio da sociedade.

“Ao longo de nossas vidas, todos passamos por atendimentos de enfermagem. Isso demonstra sua importância. Por isso, no dia 12 de maio, celebramos o Dia do Profissional de Enfermagem, manifestando nosso respeito e estima pela sua contribuição à sociedade”, ressaltou Juliano.

Fonte: Portal CNBB

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