“Nasceu para nós o Salvador”.

Por Monsenhor Leandro de Moraes Diniz

Estamos vivenciando o Tempo do advento, esse tempo de preparação para celebrarmos o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo. A palavra advento significa “vinda” ou “chegada”. Todavia, vale a pena nos fazer uma pergunta: “vinda ou chegada de quem?”. Para nós católicos, preparamo-nos para a chegada de Jesus. É Ele quem já está às portas! Acontece que essa vinda possui dois significados muito importantes:  O primeiro é a chegada do Menino Deus, que se dignou encarnar no gênero humano para nos dar a salvação eterna. O segundo significado refere-se à sua vinda definitiva, aquilo que a teologia vai chamar de advento escatológico, ou seja, a Parusia (Plenitude dos tempos). Sendo assim, além de nos prepararmos para receber Jesus que vai nascer, devemos nos preparar para esperar Jesus que virá gloriosamente. No entanto, percebemos que o tempo do Advento tem um significado profundo e uma espiritualidade toda singular. Portanto, nesse ano de 2020, estamos vivendo um tempo bastante singular devido a estas incertezas que vão surgindo por causa dessa pandemia do Covid-19 e, em relação a essa realidade o Papa Francisco disse aos membros da Cúria Romana o seguinte: “Ele recordou o memorável 27 de março passado, quando a Praça estava aparentemente vazia, mas, na realidade, “estava cheia de graças à pertença fraterna que nos reúne nos vários cantos da terra”. Esta mesma fraternidade o levou a escrever a encíclica “Fratelli tutti”, para que este princípio se torne um anseio mundial. A crise que estamos vivendo é um tempo de graça. É preciso reencontrar a coragem e a humildade de dizer em voz alta que o tempo da crise é um tempo do Espírito. E junto do Menino deitado numa manjedoura, bem como na presença do homem crucificado, “só encontramos o lugar certo se nos apresentarmos desarmados, humildes, essenciais”, afirma o Santo Padre.

Portanto, estamos bem próximos de celebrar o nascimento do nosso Salvador e penso que, devemos nos deixar moldar pelo Senhor, até mesmo porque, foram semanas em que a Liturgia insistiu conosco para passarmos pelo processo de conversão como meio mais eficaz de nos prepararmos para receber o Menino Deus. Por isso, que mais uma vez, recorremos ao Santo Padre o Papa Francisco que nos diz: “Recordando que a “Igreja é sempre um vaso de barro, precioso pelo que contém e não pelo que às vezes mostra de si mesma. Temos de esforçar-nos porque a nossa fragilidade não se torne obstáculo ao anúncio do Evangelho, mas lugar onde se manifeste o grande amor de Deus. A Tradição custodia a verdade e a graça, mas a Igreja tem que lidar com os vários aspectos da verdade que pouco a pouco vamos compreendendo. Nenhuma modalidade histórica de viver o Evangelho esgota a sua compreensão. Se nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo, iremos dia após dia aproximando-nos cada vez mais da ‘Verdade completa’.”

Por fim, ao celebrarmos o Natal, o cumprimento da promessa de Deus, em que nasceu para nós o Salvador, o Príncipe da Paz, nós devemos nos encorajar para enfrentarmos essas dificuldades e obstáculos que vão surgindo; pois, a nossa finalidade última é a eternidade e tudo isso passa, porque sabemos em quem depositamos nossa confiança. Que o Nascimento do Menino Deus seja para nós uma renovação e encorajamento na Fé, no diálogo com os irmãos e no testemunho do Evangelho.

 

Feliz Natal! Feliz 2021!

 

Monsenhor Leandro de Moraes Diniz

Vigário Geral

Pároco da Catedral Basílica Menor do SS. Salvador

Moderador da Cúria

 

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