Família Cristã cruza a ponte entre o impresso e digital mantendo a qualidade da informação

São 86 anos de história, informando a família brasileira ininterruptamente, mesmo nas maiores crises mundiais “Não achareis nela erudição, nem elegância de veste tipográfica, mas uma boa palavra para o bem de vossas almas, instruções para o desembaraço das vossas ocupações diárias.” Foi com essas palavras que, em dezembro de 1934, foi apresentada a revista Família Cristã, uma publicação com 16 páginas em preto e branco e 600 exemplares que, embora simples, representava a determinação desbravadora de uma obra que hoje está presente em todo o planeta: a missão das irmãs paulinas. Os 86 anos que separam o mês de dezembro de 1934 de dezembro de 2020, quando foi distribuída a última versão impressa da revista Família Cristã, condensaram desafios, história e mudanças de paradigma.

– Afinal, como chegar ao leitor moderno respeitando a tradição e a história de 86 anos de jornalismo sério, dedicado às famílias brasileiras? A resposta veio em forma de portal. A Família Cristã tornou-se digital e hoje está na ponta dos dedos e nas telas, aonde quer que se vá. Mobilidade é a palavra. Muita história correu debaixo desta ponte entre o impresso e o digital. Em dezembro de 1934, com pouquíssimos recursos e sob a orientação do fundador da Família Paulina, Padre Tiago Alberione, foi impressa a primeira edição da revista Família Cristã. “Algumas pessoas diziam que a gente não ia dar conta, mas eu confiei nas palavras do padre Alberione. Já que a revista era classificada como boletim, tínhamos dificuldade para importar o papel. Foi preciso que eu fosse até o Rio de Janeiro a fim de falar com alguém do governo para reclassificar Família Cristã como revista. A partir daí ficou mais fácil”, recorda a irmã Stefanina Cillario, primeira editora da publicação.

As dificuldades iniciais foram tantas que a cofundadora das Irmãs Paulinas, Irmã Tecla Merlo, em passagem pelo Brasil, pensou em desistir da revista. Mudou de ideia ao ouvir a opinião de leitores, como a de Palmira de Marinis Vasconcelos, uma das primeiras assinantes da revista.

“A Família Cristã era um folheto simples, sem cor, mas que me chamou a atenção”, disse Palmira em uma entrevista à revista em 1984.

Vocação jornalística – Na década de 1940, quando o mundo se viu em guerra, a Família Cristã ganhou cores, um formato maior e sua vocação jornalística para atender os diferentes leitores da família. Surgiram então as seções para crianças, jovens e pais.

Nos anos 1950, a revista tomou corpo e deixou de ser artesanal para ser impressa em gráfica ambrosiana. Em visita ao Brasil, o Padre Tiago Alberione insistiu para que a publicação atendesse toda a família, não somente o público feminino, fazendo jus ao nome. Aos 25 anos da revista, em 1959, ela passou a ter 28 páginas, divididas em dois cadernos: um impresso em preto e branco e outro a quatro cores. O número de assinantes não parava de crescer, chegando a 130 mil. As seções mais lidas eram: “Confia-me teu problema”, “Explicação do Evangelho”, “Utilidades práticas”, “Páginas da Bíblia”, “Carta do mês” e “Fotonovela”.

Na década de 1960, com todas as revoluções ocorrendo pelo mundo, a revista Família Cristã teve que se submeter ao crivo da censura depois do Golpe de 1964. Mesmo assim, mantinha- se nos 130 mil exemplares impressos ao mês.

Na década de 1970, apesar da ditadura, a revista Família Cristã consolidou-se no mercado editorial brasileiro. Eram impressos 200 mil exemplares mensais em 1978. Com 68 páginas e contando com colaboradores leigos, como no projeto inicial idealizado pelo fundador Tiago Alberione, sua produção passou a ser totalmente realizada no Brasil, dispensando materiais (inclusive fotolitos) vindos da Europa. Madura do ponto de vista editorial e abordando cada vez mais a realidade brasileira (até onde a censura permitia), a revista passou a ser impressa na gráfica da Editora Abril.

Na década de 1980, a revista Família Cristã estava consolidada como uma publicação de

alcance nacional, ganhava densidade jornalística e chegou ao auge de sua maior tiragem: 217 mil assinantes. Em 1988, a matéria “Crianças prostituídas”, produzida pela irmã Rogéria Botasso, fsp, conquistou o prêmio Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Os anos 1990 chegaram com a informatização do mundo. A revista Família Cristã seguia na vanguarda, sendo uma das primeiras revistas do País a substituir o processo manual de produção gráfica pelo uso de programas de computador; seus textos, leiautes, gráficos, ilustrações e fotografias, além da paginação, deixaram de ser produzidos por processos manuais e passaram a utilizar recursos informatizados.

Os anos 2000 foram de reconhecimento para a decana revista. Em 2002, foi lançada a edição on-line da publicação, que no seu primeiro ano ganhou o Prêmio Dom Helder Câmara, oferecido pela CNBB. Outra criação da publicação foi bem recebida: a revista Super+. Lançada como suplemento infantojuvenil, ela ganhou vida própria em 2007, quando também conquistou o Prêmio Dom Helder Câmara, seguindo os passos de sua predecessora, a Família Cristã, que recebera o mesmo prêmio em 2004 e 2006 e voltaria a recebê-lo em 2010.

“A revista Família Cristã, em toda a sua história, sempre foi um veículo que provocou a

diferença na vida das pessoas. Quantas vezes pautou outros veículos de comunicação com seus assuntos ligados à defesa da vida em todas as suas etapas, os direitos humanos, questões de relacionamento familiar. Foi a primeira revista a abordar questões de bioética, já na década de 1980, com seu articulista padre Leo Pessini. E, agora, na sua nova etapa digital, continuará a sua missão de ajudar a família na formação de seus membros. Missão que está no DNA da publicação”, diz irmã Ivonete Kurten, fsp, que foi diretora da revista na primeira década do século 21.

Para outra jornalista que fez história na revista Família Cristã, irmã Joana Puntel, “na transição do papel para o digital da revista Família Cristã, e sendo jornalista investigativa por muitos anos, acredito que o princípio irrenunciável de uma publicação é, antes de tudo, a fidelidade à sua proposta, no caso, de evangelização, que deve buscar o ser humano nas mais diversas dimensões. O outro princípio norteador é o cuidado profissional jornalístico que escreve a partir ‘do campo’, servindo-se da investigação, que leve as pessoas à reflexão. Nesse cuidado, o jornalista precisa se adequar a novas formas que, agora, o digital oferece”.

 

Agora, o digital

O mundo mudou. Se pararmos para analisar, há 20 anos a internet nem fazia parte da vida de todos. As mudanças aconteceram de uma forma rápida, alterando rumos, costumes e meios. Com a revista Família Cristã aconteceu o mesmo. A sua forma mudou para manter o conteúdo de qualidade. Hoje, a revista é oferecida como um portal de informação. Mas os desafios da transição são muitos.

De acordo com a irmã Viviani Moura, que há 1 ano e 9 meses realiza a missão paulina na Família Cristã, “os desafios encontrados na migração da revista Família Cristã para o formato digital imagino que tenham sido os mesmos de todo projeto que é colocado em prática: um pouco de medo do novo, além do desafio de encontrar a linguagem certa para tocar o coração das famílias, com um conteúdo que atenda às necessidades de todos os membros da família.

Estamos a caminho, no início, aprendendo a cada novo dia as possibilidades que o universo digital oferece, a fim de levar uma mensagem de fé, esperança e amor a todas as famílias do mundo, porque não existe fronteiras para o digital”.  Hoje, o leitor do portal Família Cristã Digital está a apenas um link do conteúdo para “o desembaraço das ocupações diárias”, como foi dito no primeiro editorial da revista, em 1934. A diferença é que, agora, o conteúdo é acessado de qualquer lugar, a qualquer hora, do computador, tablet ou smartphone. Confira acessando revistafamiliacrista.com.br, e boa leitura!

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1 Comentário

  1. Gostaria muito de obter os últimos exemplares impressos da Revista Família Cristã. Como posso proceder?

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