A alegria do reencontro com a misericórdia

A alegria do reencontro com a misericórdia

           O Quarto Domingo da Quaresma tem um nome sugestivo: Laetare, ou seja, da alegria, estado espiritual de regozijo pela proximidade da Páscoa e pela experiência do perdão misericordioso do Pai. Apresenta-nos a parábola do Filho pródigo, que representa o itinerário humano de quem, separando-se do amor paterno, se perde na sarjeta, gastando toda a sua herança. 

        Ao chegar ao fundo do poço,  na real e decidido a ser recebido apenas como empregado empreende o caminho da volta. O Pai, todas as tardes, ficava com o coração apertado esperando o regresso do filho. Ao olhar a sua figura, corre ao seu encontro e, sem importar-se com o cheiro e a sujeira, o abraça acolhendo-o com ternura e compaixão a seu regaço paterno, dando-lhe de presente um anel símbolo da dignidade resgatada e um par de sandálias sinal da verdadeira liberdade.

       O Pai, transbordante de alegria, organiza uma grande festa para celebrar a volta do filho. O irmão mais velho, ressentido ao saber pelos empregados do banquete preparado pelo Pai, fica ensimesmado, murmurando e julgando o comportamento paterno por ser por demais mole e injusto. 

         Na verdade, o irmão velho não amava ninguém, vivia a escravidão de quem julga e se acha melhor que os outros, considerando o Pai um patrão. Esta parábola, que deveria ser chamada a do Pai misericordioso, questiona nosso relacionamento com Deus, a vivência da reconciliação fraterna e a gratuidade amorosa em nossos relacionamentos.

           É também interessante ver que os dois filhos representam posturas e comportamentos institucionais e eclesiais, o filho jovem a fuga da responsabilidade de servir e amar; o mais velho o farisaísmo do desempenho externo e aparente, sem importar-se com o próximo.

          Por isso não basta apenas executar políticas públicas eficientes e organizadas, se não investirmos na qualidade dos relacionamentos, na solidariedade e na convivialidade compassiva e fraterna, pois a justiça, sem a misericórdia, facilmente esbarra no cálculo e na manipulação das pessoas. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

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