A autonomia do Laicato, a laicidade e o pluralismo legítimos

A autonomia do Laicato, a laicidade e o pluralismo legítimos

 

Neste Ano Nacional do Laicato, é importante respeitar e incentivar a autonomia e a liberdade do Laicato nas coisas temporais, para que possam cumprir sua missão de ser Sal da Terra e Luz do mundo. O cân. 227, afirma especificamente: “É direito dos fiéis leigos que lhes seja reconhecida, nas coisas da sociedade terrestre, aquela liberdade que compete a todos os cidadãos; usando dessa liberdade, procurem imbuir suas atividades com o espírito evangélico e atendam a doutrina proposta pelo Magistério da Igreja, evitando, contudo, em questões opináveis, apresentar o próprio parecer como doutrina da Igreja”.

 

Mais adiante, quando se trata dos deveres dos clérigos, no cân. 275, § 2, se prescreve: “Os clérigos devem reconhecer e promover a missão que os leigos exercem na Igreja e no mundo, cada um conforme a parte que lhe cabe”. Isto significa que o Laicato é um sujeito eclesial adulto, é não cabresteado ou dirigido a respeito de quem deve votar ou a que partido deve aderir, mas estimulado ao discernimento e à reflexão inspirada no Evangelho e na Doutrina Social da Igreja atualizada.

 

Os clérigos, que pressionam ou usam de seu ministério espiritual para coagir ou induzir o voto, lesam a consciência e a liberdade dos seus irmãos leigos, mantendo-os na infantilidade e dependência. Sua tarefa é ajudar a discernir e formar retamente a consciência, capacitando os leigos para seu desempenho em condições de igualdade com os outros cidadãos, reconhecendo o legítimo pluralismo das opções político-partidárias, campo prudencial do possível e do desejável.

 

Intimidar ou condicionar atitudes, falando da condenação eterna ou de penas extintas ou claramente reformuladas no código atual, com benignidade medicinal, conduz inevitavelmente a abandonar o oficio de pastor misericordioso e compassivo do rebanho. Nunca como hoje, é necessário uma cultura de diálogo, empatia e profunda comunhão entre pastores e leigos, para testemunhar o rosto de uma Igreja encarnada, servidora, com presença pública e compromisso com os pobres, sinal inequívoco de unidade, de Paz e de justiça. Deus seja louvado!

 

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

 

Campos dos Goytacazes, 14 de Outubro de 2018.

 

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