A Pandemia e um novo ethos na sociedade
Ricardo Gomes
A Pandemia traz à tona a urgência de uma nova sociedade, que refaça uma nova ética voltada a solidariedade e do cuidado. E a Pandemia do Coronavirus retrata as diversas pandemias. A economia que trata de uma fase de retomar a questão do consumo em contrapartida a corrida consumista. E podemos detectar varias pandemias que perfazem as relações humanas.
Mas esse momento é de rever as atitudes em relação ao Planeta. E neste tempo de isolamento social a natureza começa a responder positivamente. E surgem algumas novidades simples, mas que representam um processo de sanar a terra. Os pardais aparecem e pássaros surgem até nas cidades. Rios e Mares passam por um processo de revitalização e um resultado positivo.
Recordamos José Saramago no livro Intermitências da morte. O cenário se repete, mas de forma diferente. As micro mortes são agora vistas de uma maneira dolorosa. Um vírus letal em pouco tempo ceifou milhares de vidas. Mas o que acontecia distante agora esta ao nosso lado.
Da ficção de Saramago que descreve um pais em que as pessoas paravam de morrer. A população envelhecia e isso causava um verdadeiro caos no sistema de saúde. E como ninguém morria as funerárias apelavam e chegavam a fazer velórios de animais que continuavam morrendo. E os idosos eram levados para outros países onde as pessoas continuavam morrendo.
Fazendo um paralelo com a morte assustando as pessoas a realidade da ausência da morte que causava caos. E na realidade atual quantos sistemas já causavam mortes. Mortes que poderiam ser evitadas. Violência urbana, sistema de saúde deficitário, as micro mortes que não tiravam apenas a vida física, mas promoviam uma morte lenta. Competições que destroem o sentido de viver. O ódio expresso no fundamentalismo religioso, o ódio acompanhado do preconceito racial, ideológico e político. E preciso mudar e do ethos da morte ao ethos da solidariedade, do dialogo e ima nova ordem mundial se refaz. As lições da Pandemia ainda não foram aprendidas, nem apreendidas. Ou mudamos ou morreremos. Começamos com a responsabilidade de ficar em casa evitando aglomerações. E a grande lição: em casa diminui o consumo desenfreado.
E preciso ouvir a natureza, a sinfonia dos pássaros, o canto dos rios, a beleza das flores. Uma sinfonia que estava muda diante de um progresso que não respeitava a Casa Comum. È a hora de refazer o Jardim do Éden que é a beleza da criação que geme em dores de parto.