A PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE DEUS

Por Padre Thiago Linhares (Diocese de Campos)

Chamamos de profanação a violação de lugares sagrados. Quando não se respeita o limite  daquele espaço que é separado ao culto de Deus. Pois bem, quando isso acontece com templos de pedra, inevitavelmente acontece uma sensibilização social. Não gostamos de ver a casa de Deus invadida, saqueada, desrespeitada, pois estas coisas ferem a sacralidade do lugar. Contudo, Jesus veio nos trazer uma nova concepção de Templo: o verdadeiro templo é o seu corpo (Jo 2, 21). E como Deus habita em cada homem, cada homem é templo de Deus. Toda vida humana é lugar da manifestação divina. Algumas vidas, ofuscadas pelo pecado, nublinam desta presença. Mas Deus está lá, como o Sol velado pelas nuvens.

O ser humano será sempre mais importante do que as estruturas. A vida humana é mais valiosa que as coisas. São Paulo afirmou: “Vós sois templo de Deus.” (1Cor 3,16). Todo homem, todos os homens, não importa o que façam, em que creem, de que cultura se alimentam, precisam ser enxergados como templos de Deus. O cristianismo nos ensina isso. Que grande e exigente conversão para nós com nossa visão seletiva, não é?

Por isso pensemos também nas violações destes templos mais importantes, e que infelizmente levam à violação de outros templos, como por exemplo, os templos religiosos, os lares, os estabelecimentos e o templo da  própria dignidade humana, e esta última é mais cara que todo o restante.

Profanam o templo mais importante: a falta de vida interior, as drogas, a sexualidade desregrada, a corrupção dos costumes, a falta de trabalho digno, as injustiças sociais, a falta de uma paternidade e maternidade responsáveis, a falta de misericórdia por parte dos cristãos,  o aborto, o abandono dos idosos, a sexualização e sensualização de crianças, a indiferença omissa,  etc… tudo isto e muito mais violam a sacralidade do santuário da vida.

Precisamos resgatar o discurso da dignidade da vida humana para aplicar-nos a combater mais as causas, ao invés de só combater sintomas. É urgente perceber os sinais dos tempos, que demonstram que cada vez mais cedo o templo está sendo profanado. É preciso resgatar o sentido do sagrado na vida. Está se pagando um preço alto demais por permitir concessões que no começo parecem suportáveis e inocentes, mas que se tornam insuportáveis com o tempo. O preço do “tudo normal” está chegando, a conta está ficando cara, e não adianta só reclamar que está “tudo muito complicado”. O que precisamos fazer?

Santo Irineu vai afirmar que a “glória de Deus é o homem vivo.” E é necessário juntar forças (instituições religiosas, família e poder público), para oferecer a possibilidade de que todos descubram que há uma vida mais digna que não é feita só de prazer e facilidades.

Devemos nos incomodar com as profanações diárias que a vida tem sofrido. Crianças, adolescentes, jovens, idosos… onde quer que você veja que alguém não está plenamente vivo, ali, nele, a glória de Deus é profanada, porque todo homem é sagrado. Todo! E o que podemos fazer para sair do discurso e ir pra prática?

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