África: no meio da guerra, pobreza o Natal é luz que ilumina

Num país marcado pela guerra celebrar o Natal é celebrar a esperança. Nas mãos que se elevam numa prece que busca tocar o céu, as crianças oferecem as mãos como o berço que embala o Menino Deus. No sonho de paz cantam, dançam e elevam as mãos num gesto de esperança. E neste clima de pobreza a confraternização acontece com músicas e o momento mágico de celebrar, afinal Deus ama os pobres e quis nascer no seu meio, sendo pobre.

Ricardo Gomes – Jornalista

Mãos que se abrem, mesmo na luta e na dor. Mãos que se elevam para um gesto de amor, retribuir a vida que vem das mãos do Senhor. Mãos sofridas que bem sempre têm o que dar. Mas a certeza de que Deus ama os pobres e se fez pobre também.”

Numa realidade marcada pela guerra festeja o Natal é encher de luz o sofrimento de um povo diante da guerra e da pobreza. Pe. Edegard Silva Júnior acolhe as crianças deslocadas para promover um dia de esperança e de celebrar o nascimento do Menino Deus. Na Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, em Mieze, na Diocese de Pemba, Moçambique vem promovendo neste período atividades para dar um pouco de alegria as crianças. Para o sacerdote na confraternização de Natal a palma da mão de cada criança se torna o berço que acolhe o Menino Jesus.

– No contexto em que vivemos em Moçambique, África o símbolo mais expressivo do nosso Natal são as mãos. No canto natalino expressa nem o que queremos dizer.  Nas mãos das crianças Jesus é embalado com canção de ninar: dorme em paz, essa paz que continua sendo um sonho. E os olhos brilham, o corpo dança e as mãos se elevam querendo tocar o céu. – revela Pe. Edegard.

O sonho das crianças é terem a alegria de celebrar o Natal na esperança de um tempo de paz para o país profundamente marcado pela miséria e o sofrimento e terrorismo. Pe. Edegard recorda em outubro de 2017. A missão ficou destruída. Nada foi poupado, nem a igreja, nem as estruturas da paróquia, nem as casas dos cristãos. Durante o ataque ocorreu também o massacre de dezenas de jovens. As execuções, pelos terroristas, terão ocorrido um campo de futebol, na zona, entre os dias 6 e 8 de novembro.

 Relatos de sobreviventes falam na “agonia” de mais de 50 pessoas decapitadas. Praticamente todos os que viviam na região tiveram de refazer as suas vidas noutros lugares, ou em campos de reassentamento, ou em aldeias junto de familiares e amigos.

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