Alguém para compartilhar e saborear a vida: um amigo
No dia 20 de julho, dia da chegada do homem à lua, o professor argentino, Enrique Febbraro, sugeriu a criação de uma data universal para celebrar a amizade. De veras, a perspectiva de olhar a Terra desde a lua, inspirava a ideia de um mundo unido, sem fronteiras ou bloqueios, que dividissem a humanidade. A comemoração se tornou oficial em Buenos Aires, com o decreto 235/79, sendo o autor desta iniciativa indicado para o prêmio Nobel, duas vezes. Quem dera que esta pandemia nos levasse a renovar essa intuição de que somos uma só família, que não tem sentido discriminar pessoas pela raça, etnia, credo, ideologia ou qualquer outra diferença.
A vivência da amizade é a alma, tempero e perfume da vida, pois gera em nossos corações a esperança da bondade do ser humano, de uma paz justa e generosa, de uma solidariedade e empatia sem a desconfiança do medo ou do temor do outro. Ser amigo é ter um tesouro inestimável, um vínculo que se eterniza, uma fonte de nobreza e perfeição inesgotável. Aristóteles ensinou a importância da amizade política e o Papa Francisco expôs na Laudato Si o conceito de amizade cívica, como meios de introduzir a fraternidade na política. Diante do acirramento de radicalismo e da polarização, que geram a política da morte ou a morte da política, tratar, como dizia Ghandi, de tornar quem nos considera inimigo em amigo é, sem dúvida, semear bondade, compreensão e compaixão.
Como foi gratificante e precioso, neste tempo de isolamento, escutar a voz de um amigo que nos estimulava e dava uma palavra de força e de carinho. Quando temos amigos, temos Cireneus a nos ajudar a carregar a cruz, companheiros que nunca desistem ou nos deixam na mão. A qualidade humana de uma pessoa se avalia pelo espaço e valorização que damos à amizade. Isto porque, como ensina Jesus, não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
