“Antiqua et Nova”: Relação entre Inteligência Artificial e Inteligência Humana
Pe. Anderson Alves – Diocese de Petrópolis
Em 14/01/2025 foi publicada a Nota do Dicastério para a Doutrina da Fé “Antiqua et Nova”, sobre a relação da IA e inteligência humana. Esse texto é precedido por um discurso do Papa Francisco ao G7 e a mensagem intitulada “Inteligência artificial e sabedoria do coração para uma comunicação plenamente humana”, para a 58ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, textos que comentamos anteriormente.
Aqueles escritos abordam a relação entre a IA e a sabedoria do coração para uma comunicação plenamente humana. Em um discurso na sessão do G7 sobre inteligência artificial, o Papa Francisco destacou a importância de um desenvolvimento tecnológico que esteja ao serviço da pessoa e do bem comum. Esses documentos refletem a preocupação da Igreja com o uso responsável da IA e enfatizam a necessidade de integrar a tecnologia com valores humanos e éticos.
A Nota intitulada “Antiqua et Nova” aborda a relação entre a inteligência artificial (IA) e a inteligência humana e destaca questões antropológicas e éticas que surgem com o avanço dessa tecnologia. A tradição cristã considera que o dom da inteligência é um aspecto essencial da criação dos seres humanos “à imagem de Deus” (Gen 1, 27). De fato, pela inteligência o homem é capaz de conhecer e amar o bem, realizando atos livres, de modo semelhante ao seu Criador. A partir dessa visão integral da pessoa, a Igreja sublinha que o dom da inteligência deve ser expresso através de um uso responsável da racionalidade. De fato, o cristianismo é estruturado na dinâmica dom e resposta: a cada dom de Deus corresponde uma justa resposta humana, pela qual a criatura deve manifestar o seu amor ao Deus que o ama primeiro. Cada dom de Deus implica, pois, um chamado e uma resposta moral livre.
O recente texto do Dicastério para a Doutrina da Fé afirma que a Igreja promove os progressos na ciência, tecnologia, artes e em todas as empresas humanas, vendo-os como parte da “colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível”. No entanto, a IA levanta preocupações, especialmente porque pode ser treinada para gerar novos “artefatos” com um nível de velocidade e habilidade que, frequentemente, igualam ou superam as capacidades humanas. Isso suscita preocupações sobre o seu possível impacto na crescente crise de verdade no debate público.
Há um consenso amplo de que a IA marca uma nova e significativa fase na relação da humanidade com a tecnologia. Sua influência é sentida globalmente em uma ampla gama de setores, incluindo relações pessoais, educação, trabalho, arte, saúde, direito, guerra e relações internacionais. O documento é pensado para ser acessível a um público mais amplo, aqueles que compartilham a exigência de um desenvolvimento científico e tecnológico que esteja ao serviço da pessoa e do bem comum. Falaremos mais dele em próximos artigos.