Comunicar o Reino de Deus!
Pe Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – Diocese de Nova Friburgo
Bendito seja o nome do Senhor hoje e sempre, em todos os momentos e passos de nossas vidas!
Comunicar o Reino é sempre estar primeiro em comunhão com o Senhor, o Deus da vida e do amor, beber de Sua graça e deixar-se iluminar por Ele que nos capacita para a missão. Este Seu Plano ultrapassa qualquer horizonte de ilusão, desequilíbrio e injustiça deste mundo. Ao contrário, é a semeadura da fraternidade, da justiça, da solidariedade e da paz nesta realidade terrestre, unindo todos os irmãos na verdade e na caridade.
A comunicação pastoral sempre foi um valiosíssimo meio usado pela Igreja para estender a todos os povos, a todas as pessoas a Boa Nova de Jesus Cristo – a misericórdia redentora do Pai, no sacrifício da cruz do Filho, gesto maior de doação de amor para nos resgatar, elevar, curar, na salvação-libertação do pecado, da maldade e de todo egoísmo destruidor, no transbordamento de Sua fortaleza e sabedoria no Espírito Santo, na unção da Comunidade Eclesial.
Foi o que o Papa Francisco pediu na Plenária do Dicastério de Comunicação do Vaticano, no último dia 12 de novembro: uma comunicação humana que transmita os valores cristãos, não puramente técnica. Que haja por detrás da competência técnica um coração humano que seja sensível ao retorno do que foi comunicado, a realidade do outro.
Neste sentido, o Pontífice, sucessor de Pedro celebrou no dia 13 deste mês o Dia Mundial dos Pobres que ele mesmo instituiu para ressaltar a importância de se resgatar a dignidade destes irmãos, amando-os verdadeiramente, com gestos concretos, na luta pacífica pela justiça do Reino, incentivando várias iniciativas pelo mundo de solidariedade, amor fraterno e desenvolvimento de ações criativas para erradicar a pobreza e a miséria. O próprio Papa tem realizado várias obras de caridade social no Vaticano, em Roma, como ambulatórios, assistência médica, de higiene, de acolhida em albergues, de formação profissional, de evangelização e promoção humana, além de todas as contribuições da Igreja com a Cáritas e outros órgãos ligados ao Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e outros organismos eclesiais, com fundos que apoiam e ajudam as necessidades de populações de vários países. Muito significativo que este domingo do Cristo Pobre anteceda o domingo da Solenidade de Cristo Rei, dimensionando que tipo de Reino Cristo veio instaurar. Um Reino de Amor fraterno, de humildade que serve o próximo, de justiça e paz. Não um reino humano de pompas ou luxo, de tronos e afirmação de superioridade, de privilégios e sofisticações, de soberba e vaidades. Este é o reino dos homens pecadores. O Rei Jesus só teve e aceitou uma coroa, a de espinhos. Só teve um trono, a cruz sobre a qual libertou todos nós de nosso próprio egoísmo. Só teve um cetro, o seu cajado de Bom Pastor que percorreu todas as estradas e recantos da miséria humana para resgatar as ovelhas mais doentes e mais perdidas. Sua carruagem? Um jumentinho emprestado para entrar em Jerusalém, quando não andava a pé com os seus discípulos. Seu templo suntuoso e refinado? Uma sala de jantar também emprestada para celebrar com os apóstolos a Ceia Pascal, antes de abraçar a Paixão, quando se doou na Eucaristia, para nos alimentar espiritualmente, fortalecendo-nos como sua Igreja, mantendo sua presença entre nós para sempre. Sua corte capacitada e honrada? A multidão de Lázaros, coxos, cegos, paralíticos, doentes, marginalizados, prostituídos, pecadores públicos, perdidos, abandonados, profundamente amados por Ele, sem nenhum distanciamento ou formalidade.
Portanto, celebrar o Cristo Rei é celebrar o Cristo Pobre, despojado de si mesmo, na espiritualidade da Caridade, da humildade, da missão que Ele nos deu como Igreja de amar os irmãos do mesmo jeito: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”(Jo 13,34). “São os doentes que precisam de médico”(Mc 2,17). ” Não há maior amor do que dar a vida pelo irmão”( Jo 15,13). ” Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,3). Ou seja, a espiritualidade missionária da kénosis (esvaziamento de si) para servir e da ágape (amor gratuito, doação) para resgatar e elevar os irmãos, especialmente os mais necessitados. Vivamos esta bela e rica missão!
Pe Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – Chanceler da Diocese de Nova Friburgo