EDITH STEIN: Diálogo judaico-cristão
Pe. Luis Carlos de Carvalho – Reitor do Santuário N S Perpétuo Socorro – Campos RJ
Constata-se ao longo da história que os povos evoluíram na medida em que foram se abrindo ao diálogo, o que possibilitou a constituição de sociedades plurais e democráticas. A grande riqueza da humanidade é justamente o fato de ter sido criada por Deus, em seu transbordamento de amor que toca cada ser humano pelo fenômeno da empatia.
Edith Stein (1891-1942) nasce em berço judaico, experiencia o ateísmo, em sua juventude, e se torna cristã por amor. A vida desta ilustre Filha de Israel é empática com todos os povos e, por isso, a sua história é um convite ao diálogo empático entre as pessoas, independentemente de sua tradição religiosa. Ao se tornar monja carmelita, Edith Stein (Teresa Benedita da Cruz) torna-se símbolo da profunda inter-relação do ser humano com o mistério insondável de Deus.
No livro Edith Stein: diálogo judaico-cristão o leitor terá a oportunidade de ver na vida da filósofa Edith Stein traços de uma pessoa que se destaca como precursora do diálogo inter-religioso, especificamente na convivência entre judeus e cristãos, tanto católicos como luteranos.
A obra apresenta o fenômeno da ‘empatia’ unificando a tradição judaica e a cristã, sem minimizar e nem ‘mascarar’ os valores eternos das duas tradições religiosas. Em Stein vislumbra-se uma ‘ponte viva’ entre o judaísmo e o cristianismo vivenciados de forma coerente e amorosa. Em sua carta ao Papa Pio XI (1933) a filósofa se declara Filha da Igreja e pede que a mesma Igreja na pessoa do Sumo Pontífice se posicione na defesa do povo de Deus que estava sendo perseguido e assassinado pelo governo nazista.
Além de filósofa, Stein atuou no campo político, pedagógico, social e teológico. Tudo isso se encontra nesta obra que agora é publicada pela Editora Ideias e Letras, dentro da perspectiva do diálogo que aproxima as religiões, com a finalidade de promover a paz e a concórdia no seio social, visto que as religiões podem formar o coração do ser humano.
Esta obra que agora se apresenta à sociedade demonstra que em Auschwitz, Edith Stein morre em comunhão com o povo judeu massado na ‘Shoah’, e, ao mesmo tempo, em comunhão com todo ser humano que com sua cruz padece no calvário da história por conta do fanatismo político e religioso.