Festa tradicional de Santo Amaro preservada pela Diocese de Campos
Janeiro. O Distrito Campista de Santo Amaro se transforma num dos maiores centro de peregrinação religiosa. A Festa do Padroeiro da Baixada Campista chega a 287 anos de tradição e um legado dos monges beneditinos presentes na cidade e região desde 1648. Desde a chegada do Frei Fernando de São Bento que iniciava a devoção no santo e a partir de 1733 iniciava oficialmente a festa. Já nos primeiros dias de janeiro aumenta o numero de devotos que comparecem a igreja para as orações. O Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco destaca a importância da festa neste ano que a Diocese de Campos se prepara para celebrar seu centenário. E fala do significado da festa marcante para a Baixada Campista.
– Já em pleno Triênio de preparação para o Centenário da Diocese de Campos bem 2022 é importante sublinhar o significado desta festa religiosa importante para a planície campista. Nela encontramos raízes históricas da espiritualidade beneditina de peregrinação missionária que formatou o Caminho de Santo Amaro, da edificação eclesial e da pastoral da comunidade de hoje Santuário e do valor da Cavalhada. Celebrar a festa de Santo Amaro é fortalecer nossas raízes e avançar para a Nova Evangelização proposta pelo Papa Francisco. – destaca Dom Roberto Francisco.
A festa guarda as tradições herdadas dos religiosos e o legado de fé e de cultura se mantêm preservados pela comunidade. A expressão popular nas variadas com as promessas e no Caminho de Fé e Devoção que acontece na madrugada de dia 15 de janeiro. Um numera cada vez mais expressivo de devotos caminha com destino a igreja. O Bispo de Campos, Dom Roberto Francisco destaca essa pratica religiosa. São 33km que liga a Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador constituem um verdadeiro itinerário de fé e de evangelização. Reproduz a jornada de Santo Amaro, Abade ate Glandfeul na França.
– O Caminho de Santo Amaro representa uma jornada marcada pela conversão e manifestação de prodígios e pela caridade do Santo. Na vigília da festa abre um espaço de peregrinação noturna, serena, meditativa e profundamente tocante porque oportuniza a volta da pratica da fé e cura interior e de uma renovação espiritual e eclesial visibilizando uma comunidade em saída, testemunha do Cristo e da busca do serviço e das mudanças do Reino. – reflete o bispo.
As expressões populares mais fortes acontecem já no dia 14 de janeiro com o levantamento do mastro. Momento comunitário que reúne moradores e devotos de varias partes da cidade. A cerimônia é marcada pela emoção e neste dia a comunidade recebe alem da comissão, pessoas nascidas no distrito e que comparecem para este momento importante por representar a memória coletiva.
Cavalhada e tradição musical na memória religiosa, social e cultural. Recordações de um tempo. O velho sacristão Milton Neves que compôs o hino oficial de Santo Amaro, Um legado familiar que recebeu do pai Amarinho Neves e da irmã Hélia Neves, que abrilhantavam as festas. Amarinho Neves mestre de Banda de Musica ao lado da filha que o acompanhava ao violino. As ladainhas cantadas em latim e a tradição religiosa que unia moradores neste tempo de festas.
Cultura e fé se abraçam. A Cavalhada representa o dialogo cultural e religioso que teve sua primeira representação no dia 7 de outubro de 1730 no Solar do Colégio e que vem sendo uma das importantes atrações do dia da festa. Desde as primeiras horas Joel Rita da Costa começa a preparar para o espetáculo que acontece na arena da praça. Emoção se mistura ao compromisso de preparar todos os detalhes para o brilho do espetáculo de fé e de dialogo inter cultural e religioso. . O espetáculo une tradição e integração de gerações que lutam para manter a representação viva na memória social e coletiva.
– Fazendo parte da festa, uma tradição viva e sempre atraente é a Cavalhada de Santo Amaro. Expressa por um lado a arte eqüestre e a representação lúdica e simbólica de um passado heróico, inspirado na defesa da fé e da liberdade religiosa dos cristãos. Hoje outro contexto a necessidade de dialogo civilizatorio entre culturas, a mística e a importância dos valores da cavalaria como ideal de serviço a Deus e a Igreja e a beleza da perícia da montaria e nas evoluções das diversas tarefas e habilidades. Mostra um trabalho comunitário e de varias gerações e da integração humana e social. – destaca Dom Roberto Francisco.
– A Cavalhada de Santo Amaro é muito mais do que uma manifestação cultural que representa o povo da Baixada Campista, a memória coletiva, a cultura que se expressa nos detalhes, desde as vestes até o adestramento dos animais. É um legado passado de pai para filho, que se manifesta no dia a dia dos cavaleiros, das artesãs, das famílias envolvidas. – afirma Gisele Gonçalves
Esta manifestação cultura perpassa os séculos e de forma dinâmica se recria e se fortalece. A pesquisa sobre a Cavalhada possibilitou a Gisele Gonçalves conhecer a manifestação que tem de ir para além do dia 15 de janeiro.
– Foi uma grande honra poder deixar um livro sobre esta manifestação única, tanto para o Município de Campos dos Goytacazes, quanto para o Estado do Rio de Janeiro. – destaca.
Mas a emoção vai alem da representação do espetáculo para as emoções durante toda a preparação que envolve famílias que juntas ajudam na construção da memória social e coletiva. E um legado familiar que se perpetua pelos séculos.