HOMILIA: Solenidade da Ascensão do Senhor
Celebramos a Solenidade da Ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo, para melhor entender, celebramos a subida de Jesus para o céu, onde está sentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso. Jesus, noutra ocasião reconheceu que “o chefe deste mundo está condenado”, cf. Jo 16, 11, mas comanda uma Legião para manter seus reinos. No entanto, Jesus não é chefe, Ele é Senhor e tem autoridade dada pelo Pai no céu e sobre a terra. Esta autoridade é transferida à Igreja pelo envio dos apóstolos cuja missão é fazer discípulos, batizar e ensinar tudo o que ordenou a todos os povos.
A Ascensão de Jesus dá a entender num primeiro momento sua ausência física do meio de nós. Como se tivesse feito seu dever e sumisse. Primeira impressão que conduz ao erro. Ele mesmo afirmou: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”. Ele está conosco pela Igreja que fundou, sendo ela a guardiã e intérprete de tudo o que ensinou. A Igreja é o seu corpo e nós, os batizados os membros deste corpo. Um corpo vivo cuja cabeça invisível é o próprio Cristo, enquanto a cabeça visível é o Papa, Assim, temos um corpo inteiro formado pela cabeça, corpo e membros. Este corpo místico existe no tempo e no espaço, não está limitado a uma única cultura ou língua. Este corpo é universal e seus membros devem ser formados por todos os povos. O termo “todos os povos” exclui qualquer possibilidade de escolha, preferência ou segregação. Somos então uma grande congregação composta por batizados com cultura, língua e costumes diferentes. Somos o povo de Deus, somos a família cristã.
A presença do Cristo Senhor se perpetua na Eucaristia que celebramos e comungamos, nos outros seis sacramentos por Ele instituídos, na Palavra que ouvimos e ensinamos, nos irmãos reunidos em seu nome e naqueles que acolhemos e cuidamos. Ainda assim, como pode ter subido para o céu e continuar conosco até o fim dos tempos? A resposta é a mesma daquela pergunta do Catecismo: Onde está Deus? “no céu, na terra e em toda a parte”. Cremos no Cristo que é Deus Filho e Senhor. Cristo sendo Deus tem o atributo de ser onipresente, entre outros tantos como onisciente, onipotente, espírito puríssimo, perfeitíssimo e transcendental.
A Ascensão do Senhor ao céu é a elevação do próprio homem. Deus Pai enviou seu Filho numa carne semelhante à nossa, porque somos também seus filhos. Não podíamos entrar no céu com a carne manchada pelo pecado original. A salvação veio pelo sim da Virgem Maria e fez morada entre nós. A carne outrora manchada, agora foi alvejada pelo sangue do Cristo Filho e Cordeiro sacrificado na Cruz. Agora é possível ao homem ir para o céu, ainda que só na alma, mas no fim dos tempos em corpo e alma, semelhante ao Cristo em sua glória.
Que o Espírito Santo, promessa de Cristo que não nos deixaria órfãos infunda em nós o dom do entendimento para compreendermos as verdades da fé e os ensinamentos de Jesus. Nesta semana rezemos pela unidade dos cristãos, mesmo por aqueles que não têm plena comunhão com a Igreja Católica. Entendamos a frase do Concílio Vaticano II na Lumen Gentium, nº 8: “A Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, fundamentada por Dom Estevão Tavares Bettencourt, OSB (foi meu professor) na revista Pergunte e Responderemos nº 528, junho de 2006, conforme segue sua síntese:
“O Concilio do Vaticano II afirmou que a Igreja de Cristo subsiste na Católica. Quis assim dizer que todos os meios de salvação se encontram na Igreja Católica. Fora desta, porém, o Concílio reconhece haver elementos da Igreja, como são a leitura da Bíblia, o martírio, a oração… são dons de Deus que conduzem para a unidade católica; as comunidades que cultivam tais dons, se acham em comunhão imperfeita com a Igreja Católica e, por isto, pode-se afirmar que estão contidas no conceito de Igreja entendida em sentido amplo”. Na conclusão ainda escreveu: “É nítida a intenção, dos conciliares, de excluir o relativismo religioso sem deixar de mencionar o que há de cristão nas comunidades cristãs não católicas. Esta referência tem em vista facilitar o diálogo ecumênico e dissipar preconceitos que dificultam a aproximação dos cristãos entre si.”.
Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, Quase Pároco e pertencente ao clero da Diocese de Campos-RJ.
Excelente, esclarecedor, ótimo ensinamento, valeu Pe Pinalli ❤❤❤❤❤❤
Amei sua homilia, amo ouvir a Palavra, estudando a Bíblia e ir crescendo na fé, caminhando com Jesus!