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Jesus o Rei Compassivo que vem para sofrer e salvar!

Entramos na Semana Santa, que tem sido considerada a Semana da Redenção, da Misericórdia e da Clemência de um Deus que morre por cada um de nós para nos salvar e reconciliar plenamente. Nunca, talvez, em nossas vidas, ansiamos, como agora, este Encontro com a graça que nos restitui e sana por inteiro a humanidade ferida e hoje dizimada pela pandemia. Mas, como no romance Hyperion, de Fiedrich Höderlin, que afirma “onde está o perigo, cresce também o que nos salva”. A humanidade tem de agir precisamente aí, na própria ameaça: é aí que se abre a porta. A semana santa é o momento em que Deus nos convida a refazer e repensar nossa vida, como expressava Isaías: “venham e discutiremos, atrevamo-nos a sonhar”.

Na semana santa, seguindo os passos de Jesus, aprendemos que a última palavra não é e não será a da dor e do sofrimento, mas a da entrega amorosa, a do diálogo do perdão, a da oferta generosa de paz, que brota da Cruz e da paixão de Nosso Senhor. Constatamos, nesta pandemia, ou sindemia, que escancarou as crises pessoais e sociais, o vazio e esgotamento da nossa civilização, que a esperança de sairmos deste quadro letal é ampliar e multiplicar o serviço e a solidariedade de um verdadeiro mutirão pela vida de médicos, enfermeiros, religiosos, trabalhadores da saúde, agricultores, caminhoneiros, gente boa e de mãos cálidas e carinhosas que não mediram esforços, nem empenhos, dando até a própria vida. Sairemos e venceremos esta crise, partilha o Papa Francisco, como se sai de um labirinto por alto transcendendo, com nobreza, solidariedade e altruísmo, vencendo o individualismo egoista e auto-suficiente e seguindo o fio de Ariadne, acompanhando com paciência e com coragem criativa para superar com um novo novelo, como o que Ariadne deu a Teseu, o novelo de uma nova economia, de uma nova política e cultura para superar a lógica fechada e auto centrada do labirinto em que estamos sufocados pela ganância e a necropolítica.

A semana santa ressignifica a vida dos cristãos, dando um puxão na linha da nossa existência ao dizer de Chesterton, abrindo-nos para o mistério da vida, para o futuro, para o transbordamento do amor divino. Que possamos, nesta semana, ao chegar à gloriosa Páscoa, repetir em nosso coração as últimas palavras do poema “Quando a tempestade passe”: “Quando a tormenta passar, peço-lhe, Deus, envergonhado, que nos retorne melhores, como nos tinha sonhado”. Deus seja louvado.

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 28 de Março de 2021.

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