Matriz de São Fidélis elevada a Santuário Diocesano
Nas comemorações dos 400 anos do martírio de São Fidélis de Sigmaringa a Igreja Matriz na Cidade Poema na Diocese de Campos (RJ) no domingo (24/04) foi elevada a Santuário Diocesano. A única igreja no Brasil dedicada ao frade capuchinho passa receber peregrinação de fiéis se tornando centro devocional. Moradores se unem para expandir a devoção ao santo mártir.
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
Fotos: Adriano Serra (Pascom)
Em São Fidélis (RJ) a fé em São Fidélis de Sigmaringa é uma tradição de séculos. A Igreja Matriz que passa ser Santuário Diocesano está completando este ano 213 anos de construção, mas a devoção e festa completa 240 anos. Um legado dos frades capuchinhos italianos, Frei Ângelo de Lucca e Frei Victório de Cambiasca.
A devoção ao santo mártir está impressa na memória coletiva do povo fidelense. Uma devoção que une gerações. Dom Fernando Areas Rifan, Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianey natural da cidade se orgulha de fazer parte dessa história que ultrapassa os séculos.
– As lições de São Fidélis após 400 anos de martírio são exemplos para a nova evangelização de acreditar no poder da palavra de Deus para persuadir, dialogar com a fé com todos os cristãos, porque ainda é sinal de contradição a divisão entre nós. A mansidão e a catequese de São Fidelis continua sendo um meio de aproximação, embora com as limitações daquele tempo no contexto minado pela intolerância daquele momento. – revela Dom Roberto Francisco.
São Fidélis: nasceu sob o sinal da Cruz
Dom Fernando Rifan recorda que em torno da Igreja Matriz, nasceu a cidade de São Fidélis. Assim como o Brasil, que nasceu cristão em torno do altar da primeira Missa e da Cruz (Terra de Santa Cruz), a cidade de São Fidélis nasceu e cresceu em torno da sua Igreja Matriz. Um legado dos frades capuchinhos italianos que chegam a cidade em 1781, Frei Ângelo de Luca e Frei Vitório de Cambiasca, para catequisarem os índios. Com eles, fundaram a cidade e construíram a Igreja Matriz, em honra do santo da sua ordem religiosa, São Fidélis. Foi a primeira igreja em sua honra após a sua canonização em 1746, pelo Papa Bento XIV. Em 1799, lançaram a pedra fundamental dessa igreja, que foi inaugurada em 1809.
– Para mim, a Igreja Matriz de São Fidélis tem um significado especial. Nasci em São Fidélis. Cresci indo a esta Igreja. Ali fui batizado, ajudei as Missas como coroinha e fui cantor no coral “Pequenos cantores de São Domingos Sávio”. Estive presente na inauguração da grande reforma da Matriz em 1961, com 11 anos de idade. Ali nasceu a minha vocação sacerdotal. Toda a sua bela arquitetura e belas pinturas, me fazem recordar da minha infância, dos meus pais, tios e avós que ali frequentavam, dos meus amigos e dos padres que nos guiavam. Meu pai foi da Congregação Mariana e diretor da obra social da Paróquia. Minha mãe foi da Pia União das Filhas de Maria, catequista e membro do Apostolado da Oração. É, portanto, com muita alegria, que participo, agora como Bispo, dessa festa com a elevação da Matriz à categoria de Santuário. São Fidélis merece toda a nossa honra e devoção. – reflete Dom Fernando Rifan.
Fidelidade a Igreja e diálogo
Dom Roberto destaca ainda a proposta de ser bom e de esclarecer o povo e dar argumentos já começa uma reviravolta até chegar ao Concílio Vaticano II e o início do Movimento Ecumênico que surge na Conferência de Edburgo em 1910 e isso revela a atualidade de São Fidélis, uma figura emblemática defensor dos pobres, presente no mundo da doença e um grande catequista.
– E importante mostrar que São Fidelis continua vivo e o santuário se torna um lugar de memorial da fé para conhecer a vida de São Fidelis, guardar seu testemunho e apresentar as novas gerações que os mártires sempre serão os guardiães dos direitos humanos e a importância de levar a sério a diversidade religiosa, o diálogo ecumênico porque uma sociedade que perde essa dimensão se torna totalitária e vai ao encontro da tirania do autoritarismo, da democracia sem valores e demagógica e dirigida por pessoas que querem dominar, perpetuar a sua liderança, mesmo carismática que se aproveita de interesses escusos. – disse o bispo.
“São Fidelis em toda a sua vida religiosa e consagrada de frade capuchinho mostrou a sua opção aos pobres, os doentes e a evangelização da adversidade, do conhecimento e deu uma marca diferenciada a Contra- Reforma.” São Fidelis morreu pela unidade dos cristãos.” Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo Diocesano de Campos
E finalmente, Dom Roberto revela que São Fidelis é exemplo de fé e de cuidado neste tempo em que a humanidade vive uma crise sanitária global com a Pandemia do Covid 19 que causou milhares de mortes em todo o mundo.
– No tempo em que viveu São Fidélis haviam pestes e ele dedicou muito de seu tempo aos doentes e ele inspira ao cuidado com a vida e o todo da pessoa do doente em todas as suas dimensões e nunca negar o conforto da fé e a do evangelho e da fé, porque só venceremos o vírus é necessário um resiliência espiritual, ter a vontade e a paixão de viver e só Deus pode dar. São Fidélis é esse mutirão de enfermeiros, médicos e em especial a função do capelão dá a transcendência e a ligação antropológica. – conclui Dom Roberto.
Exemplo de Fé e Cuidado
Nós fidelenses estamos vivendo um tempo de muitas felicidades. Primeiro festejar São Fidélis que é nosso padroeiro e segundo por essa homenagem tão importante e significativa para a nossa Igreja, nossa paróquia e para nosso município e para o Brasil, não tenho certeza, mas parece que é só aqui que temos essa igreja cujo padroeiro é São Fidélis de Sigmaringa que é para nós fidelenses é exemplo de fidelidade, exemplo de um fiel cristão que lutou pelo Cristianismo e pela a sua fé até a morte, deixando para todos nós cristãos de fé e de fidelidade ao Pai. – ressalta
Para o jovem Pedro Silva a história de São Fidélis de Sigmaringa revela a importância da tolerância e do respeito as diferentes opiniões e inspirando ao diálogo e da construção da paz. Uma missão que deve refletor nos corações de todos em especial neste momento que a Matriz de São Fidélis será elevada a categoria de Santuário Diocesano.
Histórias de fé e devoção que une gerações que seguem o exemplo de vida de São Fidélis que viveu a defesa da fé em Cristo se entregando ao martírio. Exemplos que são necessários nestes tempos de violências, polarizações e de ataques a fé cristã e a igreja católica.
Santuário e os desafios pastorais
Com a elevação a igreja passa a ser um centro de peregrinações e romarias, tendo como exemplo o santo martirizado pelos calvinistas.
Desde a chegada a São Fidélis, Pe. Marco Antônio Soares assume a Reitoria com muitos desafios pastorais. Celebrar os 400 anos de martírio e de revelar as lições que São Fidélis deixa para os tempos atuais com polarizações na igreja e na política e da disseminação da violência que é fruto da falta de diálogo e de respeito às tradições religiosas e culturais. Inicia um novo ciclo de promover a devoção e de preparação para uma nova sociedade baseada nos valores éticos e morais.
– O compromisso com o Santuário é de visitas, de programação de renovação de vida e se torna fonte de peregrinação para o povo. A importância de celebrar esses 400 anos vem dessa bondade pastoral de nosso bispo diocesano, Dom Roberto Francisco. Ele com sua solicitude reconheceu a importância dessa comunidade, da vida de São Fidélis. Aqui no Brasil é a única paróquia dedicada a ele, e por isso resolveu que daria esse titulo a nossa comunidade paroquial e somos convidados a viver essa fidelidade de até a morte como São Fidélis dar testemunho de Jesus em nosso tempo. – exorta Pe. Marco Antônio.
“A minha história está marcada pela relação com a Igreja de São Fidélis onde vivi e vivo os principais momentos da minha caminhada de fé onde fui batizada, minha Primeira Comunhão, crismada, me casei, batizei a minha filha, tive a oportunidade de ser Ministra da Distribuição da Sagrada Comunhão a tantas pessoas que não podiam vir até a Igreja. Vivo uma experiência profunda na minha caminhada de fé. Ver essa Igreja se tornar Santuário é uma alegria imensa para o meu coração de fiel e cristã, mas significa uma renovação espiritual da minha fé.” – Clarissa Menezes de Souza.