Na memória da primeira visita de João Paulo II ao Brasil, várias histórias são lembradas
Ao celebrarem os 40 anos da primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, as arquidioceses que acolheram o pontífice polonês em 1980 divulgaram lembranças de histórias que marcaram quem as viveu. Relatos em vídeo, extratos de livros, notícias, em tudo há um pouco do espírito de comunhão com o sucessor de Pedro que tomou conta do país naqueles dias entre 30 de junho e 12 de julho de 40 anos atrás.
No Rio de Janeiro, momentos marcantes foram vividos, como a missa para mais de 1 milhão de pessoas no Aterro do Flamengo sob coro com a canção “A bênção, João de Deus”.
Dos relatos destacados pela arquidiocese do Rio de Janeiro, foi forte o sinal que representou a visita do Papa ao morro do Vidigal. Ali, três anos antes iniciara uma batalha entre as famílias e o governo estadual, que pretendia fazer uma remoção por conta de um suposto risco de desabamento. “Porém, logo descobriu-se que, na verdade, no local, seriam construídas casas de luxo e que as empresas Rio-Towers e Sincorpa já tinham pago 28 milhões de cruzeiros pelo terreno”, segundo relato no site da arquidiocese carioca.
O então arcebispo, dom Eugenio Sales, iniciou o trabalho da Pastoral de Favelas na localidade e contratou engenheiros para que realizassem um novo estudo do terreno, os quais comprovaram que não havia risco de desabamento. Na visita do Papa, no dia 2 de julho, o frei Benjamin Ramiro Diaz, então pároco da Igreja Santa Mônica, no Leblon, e responsável pela pastoral no Vidigal, recebeu o anel episcopal de João Paulo II.
No último dia da visita, João Paulo II ordenou 74 novos sacerdotes no estádio do Maracanã, que contou com a presença de 160 mil pessoas. Dentre os neossacerdotes, dois deles pertenciam à arquidiocese do Rio de Janeiro: padre Silas Pereira Viana, atualmente cura da Catedral Militar Rainha da paz, em Brasília (DF), e monsenhor Manuel Manangão, hoje vigário episcopal para a Caridade Social e pároco da Paróquia Santa Margarida Maria, na Lagoa.
Na feliz recordação e celebração dos 40 anos de ordenação, hoje monsenhor Manangão diz que já falou muito sobre a data, mas acrescentou:
“Hoje eu estou pensando que, pelo tempo, parece uma realidade tão distante, mas ao mesmo tempo tão próxima parece que está sendo. Ontem e hoje me lembrava dos momentos vividos na missa do Aterro onde atuei como um dos cerimoniários e estive tão perto do Santo Padre, sendo-lhe apresentado como um dos que seria ordenado no dia seguinte. E no dia da ordenação, na imposição das mãos, no abraço de acolhida, imagens tão fortes e singelas. Lembrava-me das palavras de Dom Jaime Câmara quando fui acolhido no Seminário aos 13 anos, no primeiro retiro: ‘um dia, já padres, terão que viver a experiência da ordenação como se fosse sempre presente, atual, como um hoje que se prolonga na vossa história’. E assim tem sido, só que com uma tremenda responsabilidade porque foi o Papa que nos ordenou e por que ele é santo mesmo”, destacou monsenhor Manangão.