O beijo que cura, a mística do beijo
Ao ser nomeado pelo Papa Francisco Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, o Arcebispo de La Plata Vítor Manuel Fernández (Tucho) foi atacado sem caridade por setores que se distanciaram do Pontífice Reinante. Acusando-o de ter escrito um livro sobre o Arte de Beijar o que mostraria nível medíocre e confuso, desqualificando-o totalmente.
Na verdade a obra publicada em 1995 pela editora Lúmen, se intitula “Cura-me com teubeijo, a arte de beijar” destinada aos adolescentes, tinha o propósito de um jovem pároco (10 anos de padre), de estabelecer um diálogo evangelizador com os jovens que eram tentados pela cultura da banalização do sexo que desvirtuava o sentido do beijo como expressão de um amor exigente e autêntico. Parece que tais críticos do atual Prefeito nunca se debruçaram com a teologia do corpo de São João Paulo II, que insistia na integridade do amor esponsal, e da linguagem e gestualidade na sexualidade humana, dando-lhe um valor pessoal e transcendente. Ou mesmo, do Papa Bento XVI na Encíclica Deus Caritas Est, onde distingue e integra as duas faces do amor Eros e Ágape, valorizando e resgatando a importância e conexão. Ainda poderíamos comentar que Dom Vítor Manuel Fernández assessorava grupos da Renovação Católica Carismática, focalizando a cura interior e emocional, pois sabemos quanto dano pode fazer afetividade mal conduzida ou meramente hedonista. Por outra parte, dentro do campo da Antropologia Cultural é ressaltado obras como “Cristãos que se beijam”, que o beijo foi sempre um sinal de identificação e teve um sentido ritual e místico de profundo valor espiritual.
Tendo um impacto de construção de amor fraterno, de perdão e reconciliação, e de troca espiritual, de comunidade acalentada pelo Espírito Santo. Há Testemunhos Murióticos de Tertuliano, São João Crisóstomo, e do próprio Santo Agostinho que afirmava que o beijo era sinal de união das comunidades. O mesmo Dom Vítor Manuel Fernández no final do seu livro desenvolve o conceito do beijo super místico e ensina que o Deus amor beija os filhos com as graças e bênçãos da sua Ternura Infinita. Finalmente não esqueçamos a recomendação de São Paulo: “Saudai-vos uns aos outros com o beijo Santo”, (1 Cor 16,20). Deus seja louvado!
+ Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 30 de Julho de 2023.