O DIA 24 DE ABRIL NA HISTÓRIA

Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa

Neste dia 24 de abril comemoramos o dia internacional do jovem trabalhador, dia nacional da família na escola, também foi nesta data que, a esquadra de Pedro Alvares Cabral ancorava na Bahia de Porto Seguro, no ano de 1500 e na história da Igreja, no ano de 2005, Joseph Ratzinger foi entronizado como Bento XVI, hoje na condição de Papa Emérito por sua renúncia.

Qual será a melhor ou pior notícia deste dia? Nós católicos estávamos voltados à decisão dos Ministros do Supremo Tribunal Federal em se posicionarem a favor do aborto para os casos de fetos com desenvolvimento cerebral incompleto, o que nos levará a esperar até o dia 30 deste mês. Os noticiários da manhã divulgaram o número de óbitos provocados pelo Corona Vírus, aumentando a cada dia, a falta de leitos para os casos graves em UTIS e a necessidade de continuar o isolamento social. Isto até a renúncia pública do Ministro da Justiça e com cobertura da imprensa. Era 17h quando o presidente da república fez o uso da palavra, cuja imprensa também deu destaque. Sendo assim, o foco da imprensa vai mudar, mas o cenário que vivemos permanecerá com seus problemas anteriores clamando por soluções.

Por que tanto enfrentamento e tanta briga em meio à pandemia que ceifa a vida de muitos brasileiros? O foco foi mudado. Entra em cena a famosa dança das cadeiras. Este novo cenário nacional não será resolvido rapidamente. Posso até me enganar, mas se a Bandeira Nacional estava gasta e corroída, agora rasgou totalmente. Talvez de um lado a “Ordem” e do outro o “Progresso”. Vamos acordar e tomar cuidado com o populismo que como a fênix quererá ressurgir das cinzas. Todo populista tenta jogar com o sentimento do povo.

O industrial e empresário Irineu Evangelista de Sousa, ganhou notoriedade no Brasil Império por implantar a tecnologia da revolução industrial, defender a abolição da escravatura e se posicionar contra a guerra do Paraguai, dentre outros feitos. Tornou-se alvo das intrigas da elite conservadora. Deixou-nos uma frase que fica a seu critério a interpretação no dia de hoje. Assim se expressou: “O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem”. Este gaúcho que teve sua ascensão por mérito e esforço próprio, terminou sua vida em Petrópolis-RJ, quase falido e conhecido pelo nome de Visconde de Mauá.

O povo continua a sofrer. Infelizmente teremos novos infectados, novos óbitos, mais desempregados e cresce disparadamente o número de famintos. Lembro um trecho da canção “Corda no pescoço”, de Beth Carvalho, sucesso no ano 1988: “E o povo como está? Tá com a corda no pescoço. É o dito popular, deixa a carne e rói o osso”. Em tempo, neste mesmo ano foi promulgada a tão esperada Constituição Brasileira.

Ainda hoje, comoveu-me um senhor com uma bicicleta velha, alguns mantimentos que certamente tinha ganhado e chorando muito. Queria logo, mostrar a identidade, disse que trabalhava no Pólo Gastronômico de Grussaí e precisava completar o dinheiro para comprar uma botija de gás. Infelizmente não pude como ajudar, pois tenho que terminar de acertar a folha de pagamento dos funcionários da Quase Paróquia. Graças a Deus e com a ajuda dos senhores em nossa Semana Santa Solidária, este senhor não saiu de mãos vazias, agradeceu e seu choro, pelo menos naquele momento converteu-se em sorriso.

Esta é a triste realidade. Antes, o perfil dos que pediam ajuda era de jovens mães com filhos pequenos, ou homens jovens pedindo dinheiro, para passagem ou para comprar quentinha. Estes, quase nunca choravam, mas pediam. Hoje são senhores e senhoras, de cabelos brancos e raramente pedindo dinheiro, mas comida. Choram porque não tem o mínimo para viver com dignidade e talvez sempre viveram na informalidade, como autônomos fazendo bicos.

Por vezes ficamos impactados pela informação universal e pouco conhecemos a realidade dos lugares que moramos. Que o Bom Jesus nos torne sensíveis à necessidade dos que sofrem e sejamos instrumentos de conforto e alegria como portadores de melhores notícias, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

 

* Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa é quase-pároco da Igreja de Santo Amaro, na Praia de Grussaí, no litoral de São João da Barra, atua como vigário judicial na Diocese de Campos – RJ.

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