Presidente da CNBB faz avaliação sobre futuro da Igreja Católica
Em tempos em que a humanidade vive a pandemia do Coronavirus a Igreja Católica passa por um momento em que as atividades religiosas acontecem sem a presença de fiéis que participam pelas Redes Sociais e Sistemas de Comunicação Social. Um tempo de incertezas, mas para a avaliação de alguns temas importantes. A participação dos leigos efetivada no serviço da Pastoral da Comunicação ganhou visibilidade. O Presidente da CNBB-Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil e Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor de Oliveira destaca três ameaças e três oportunidades e necessidade de muita oração, de discernimento e muita lucidez neste tempo novo.
As ameaças Crescimento de seguimentos conservadores e reacionários levando à estagnação e ao comprometimento do diálogo construtivo, com preponderância de obscurantismos e escolhas medíocres, com força de justificação das desigualdades existentes e neutralização magistral da doutrina social da Igreja.
Dificuldades para reverter situações com funcionamentos pesados, que custam muito, comprometendo sustentabilidade e prática do indispensável compromisso com a preservação ambiental, por insistências e cristalizações advindas do intelectualismo, fazendo perder sensibilidade humanitária e relacional com ganhos de adesões e presenças. Por isso, o peso precisa ser revisto; o modo marcado pela característica deste terceiro milênio pela leveza. Fragilizações de processos de evangelização e serviços à defesa e promoção da vida. Perda de forças próprias com comprometimento da inegociável credibilidade em razão de incongruências e incoerências no âmbito moral, seja no âmbito da gestão e suas nuâncias todas, como também no específico do testemunho, como bem primeiro da pertença eclesial e da autenticidade do discipulado no seguimento de Jesus Cristo.
Três ameaças profundamente desafiadoras que nós precisamos refletir sobre elas para darmos uma reposta nova. Passo agora a compartilhar com seu coração, para nosso debate, o que a nossa Igreja católica tem como oportunidades para os próximos 5 anos.
Para o Presidente e um tempo de refletir na escuta de interpelações fortes vindas do impressionante volume de mudanças em curso na cultura mundial, com apelos humanitários, especialmente oriundos dos pobres da terra e das possibilidades tecnológicas, tecnológicas mediáticas, para efetivação de um novo modo de presença pública referindo-me também a biotecnologias oportunizando adequações e novas respostas.
Usufruir mais decisivamente, a Igreja precisa do seu próprio tesouro doutrinal e de fé, particularmente como Igreja da palavra, ganhando esta centralidade, podendo fazer uma reviravolta religiosa na direção de não permitir ou reagir aos desdobramentos vários do cristianismo torpe, que está em amplo crescimento na sociedade brasileira, recuperando deste, do cristianismo, a sua força como vetor determinante do sonho de um mundo novo, solidário e fraterno.
À luz da mistagogia evangélica, para dizer de uma espiritualidade profundamente contemplativa, com rica inspiração de tradições e experiências bimilenárias da nossa Igreja, conquistar novas feições e dinâmicas na ministerialidade da Igreja, com efetivo protagonismo dos cristãos leigas e leigas, com qualificação maior da vida consagrada, com sua profecia, e da vida sacerdotal, liberada de cristalizações que a desfiguram, com propriedade para arrastar pela força do testemunho.
– Compartilho isso para abrirmos uma reflexão. É um longo caminho, mas é importante nos envolvermos nesta grande tarefa. Participe. É hora de a gente contribuir para que a igreja seja uma igreja em saída, hospitaleira, missionária e que ajude de fato a recompor o esgarçado tecido da nossa sociedade brasileira. É tarefa nossa como cidadãos e cidadãs civis, mas também como cidadãos do reino, enquanto para ele caminhamos, o reino definitivo.
Meu abraço e vamos continuar a pensar e refletir. – disse Dom Walmor.
Ricardo Gomes (Diocese de Campos/ Regional Leste 1)