REFLEXÕES SOBRE CARREATAS EUCARÍSTICAS
Dom Roberto Francisco
Bispo Diocesano de Campos
Neste tempo de jejum Eucarístico e ausência de comunhão para o povo, vários sacerdotes com intenção pastoral de dar uma resposta aos anseios do povo, organizaram carreatas Eucarísticas, isto é levaram num carro o camionete o Santíssimo Sacramento exposto, cantando e rezando.
É uma forma nova não prevista na Instrução e na parte codicial que regulamenta as possibilidades canônicas de Culto Eucarístico fora da missa: Bênção do Santíssimo que tem um ritual definido. Congressos Eucarísticos e procissões eucarísticas. Esta modalidade atual parece não ser bênção, pois ela tem um itinerário litúrgico previsto, não é procissão, pois ela precisa de povo e testemunho público e muito menos um Congresso.
Que dizer então: O propósito é louvável, mas para ser legítimo o direito eclesial pede a consulta ao Ordinário local o Bispo para um discernimento. Segundo o nome não é conveniente, pois a Bênção como vimos e o Papa a ministrou ‘Urbi et orbi’ tem um ritual aprovado, pelo que seria mais apropriado chamá-la de carreata eucarística ou carreata com exposição do Santíssimo Sacramento; terceiro tem que se cuidar para não constituir aglomeração o que seria uma transgressão as disposições sanitárias.
Além disso, dizem os documentos mencionados que não se pode separar ou isolar a exposição da adoração e do culto Eucarístico certamente mais abrangente. Sem estes cuidados podemos cair no emocionalismo ou no cafaurnismo que não considera a sacramentalidade da presença real do Santíssimo Sacramento.
Não se trata de tolher a criatividade ou os desejos sinceros de “ver” a Jesus, mas este ver é acompanhado com a Palavra, prática e missão na integridade do Mistério Pascal. Era o que tínhamos a manifestar.