Vivências de Presépio e a Arte para a Vida

O Local do Nascimento (presépio) de todo e qualquer ser criado por Deus, é um lugar preparado com todos os rituais instintivos necessários ao aconchego, empatia, à simplicidade, à humildade, que nos servem de lição, próprios do escondimento ordinário e sublime Silêncio da Criação, da Casa Comum (Papa Francisco), uma explosão de Vida. Esta Criatividade, da Inteligência Infinita – Deus Pai, é retratada em uma manifestação universal, presente em todas as culturas, nas diversas formas, como na pintura, escultura, música, cinema, dança, literatura, arquitetura, que chamamos de Arte.

Diác. Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos/RJ.

Esta expressão de emoções, sentimentos, crenças e ideias de forma criativa e simbólica, através de alguma atividade humana, busca aliar forma e conteúdo; nos faz crescer e corresponder ao louvor a Deus de toda a Criação. Ao observarmos a natureza, constatamos como é feita a preparação dos ninhos dos pássaros, os “ninhos” que outros animais preparam com esmero e até perfeição natural, o Local do Nascimento (presépio). Podemos atribuir que o aconchego, a acolhida, a harmonia das boas e saudáveis situações, são parte essencial para a Paz e o Louvor da Criação.

Por mais que o mundo materialista em que vivemos, queira instrumentalizar e manipular, para interesses egoístas e mortais; nos Atos Criativos, sobretudo os da Criação, é possível perceber que há uma realidade sobrenatural, oculta, silenciosa, que os grandes microscópios já são capazes de filmar, a grande e simples explosão, que ocorre na semente ao germinar, no silencioso local de nascimento da nova planta, por exemplo; ou ainda, a mulher nem sabe que está grávida, aproximadamente a partir da segunda semana de gestação, o novo ser humano já possui a mesma impressão digital, única e intransferível, que terá com 1 – 50 – 100+ anos, no movimentado Silêncio do Útero.

Desde as origens da Criação, a Bondade de Deus se torna manifesta pela Sua Palavra (Λόγος), pelo Verbo (ações criadoras, estados ou fenômenos criativos), tais ações são exaltadas no Salmo 104: – “Aleluia. Celebrai o Senhor, aclamai o seu nome, apregoai entre as nações as Suas Obras. Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas as Suas maravilhas”. O Salmo 148, também nos estimula a louvar o Senhor desde os céus, nas alturas, e a todos os seus Anjos, exércitos, sol, lua, estrelas, céus e águas; que “toda a Criação deve louvar ao Senhor”.

O Pecado das Origens, por causa do mau uso da Liberdade (Orgulho e Desobediência), contaminou a Criação, o “ninho” de Perfeição da Ação Trinitária Criativa (Pai, Verbo e Espírito Santo), no Local de Nascimento (presépio), foi adulterada a mais cara Obra da Criação, Homem e Mulher, a Sua Imagem e Semelhança, reflexo da própria Divindade: único Ato Criativo na primeira Pessoa do plural “façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança” (Gênesis 1).

Entender o ser humano não é uma tarefa fácil, sobretudo nos dias atuais, por estarmos inseridos em uma sociedade complexa, “líquida”, “gasosa”, com “pessoas tóxicas”, como queira; mas, quando a questão é colocada à luz da Revelação de Deus, Uno e Trino, é possível iniciar uma reflexão e aprofundá-la na medida em que se permite um “mergulho” no Espírito de Verdadeira Humildade, que conduz e direciona toda a nossa realidade ao Amor sem medidas; este é o motivo de ampliarmos o conceito de presépio, como um local de nascimento, abrangendo a recondução, de toda a Criação, do ser humano, a partir do Precioso Sangue derramado, do resgate, pelo “ninho” da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Falar da realidade do Presépio Cristão demonstrado nas diversas culturas e formas, como Local do Nascimento de Jesus Cristo, sem falar do recurso da Arte Evangelizadora de Francisco de Assis (em 1223, na cidade italiana de Greccio), é ignorar uma das Manifestações da Sabedoria Divina, seus significados e belezas espirituais de cada elemento, para nós. Desde a Verdade Revelada através de João (o evangelista) (1): “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos Sua Glória, a Glória que o Filho único recebe do Seu Pai, cheio de Graça e de Verdade”. Ao mais puro e incondicional Testemunho de Amor, de aniquilamento da Divindade, Amor Humilde, sem reservas, sem fingimento.

O presépio de Francisco não seguia a tradição posterior de representar Maria, José e o bebê Jesus. Seu foco era aprofundar a meditação sobre a pobreza evangélica (a condição ou atitude de voltar-se para o centro, no sentido de desligar-se do mundo exterior e voltar a atenção para dentro de si ou concentrar-se intensamente no Amor) sobre o Local do Nascimento de Cristo, relatado nas Sagradas Escrituras, utilizando o recurso da teatralidade, maneira didática e criativa de como Jesus teria nascido.

O objetivo do taumaturgo de Assis era recriar o cenário, com animais vivos como burro e boi. Seu objetivo maior, além de seu profundo Amor por Jesus Cristo, um homem tremendamente devoto do Nascimento de Cristo, um homem “de sensibilidade muito aguçada”, desejoso de partilhar sua experiência da manjedoura do seu coração, “coisas valiosas que passam despercebidas à maioria dos homens e mulheres”.

Paulo Apóstolo nos anima, ao escrever aos cristãos de Éfeso (5) e àqueles que confiam em Jesus Cristo, “tudo o que se manifesta deste modo torna-se Luz; desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará”. No circuito da Vida: É Natal! Com Maria digamos: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é Poderoso e cujo nome é Santo”.

Que o Deus Menino, abraçado à Sua Cruz nos conceda toda a Graça e toda a Bênção necessária a nossa Salvação, boa convivência e transformação da nossa realidade, segundo a Santíssima Vontade do Pai. “Viva Feliz. Sirva ao Senhor alegremente e com espírito despreocupado. Que Jesus, Maria e José lhe sirvam de doce modelo e inspiração em virtude da Santa Humildade.” (Padre Pio de Pietrelcina)

Formação do autor deste artigo: http://lattes.cnpq.br/0897881564299806

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